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Cogumelos transformam resíduos agrícolas em solução sustentável para a agricultura

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A agricultura intensiva gera bilhões de toneladas de resíduos anualmente, como palha e esterco animal, que muitas vezes são mal gerenciados. A compostagem tradicional enfrenta limitações, como a baixa eficiência na degradação da lignocelulose e a persistência de patógenos e genes de resistência a antibióticos. No entanto, uma nova abordagem, desenvolvida por pesquisadores chineses, utiliza cogumelos para transformar esses resíduos em biofertilizantes eficientes, promovendo um ciclo sustentável entre lavoura, pecuária e fungicultura.

O sistema, chamado de Pecuária-Cultivo-Cogumelo (LCM), emprega o cogumelo comestível Stropharia rugosoannulata como agente principal na conversão de palha e esterco em substrato enriquecido. Ao contrário da compostagem convencional, esse método não apenas acelera a decomposição da matéria orgânica, mas também suprime microrganismos nocivos e reduz a presença de poluentes, como resíduos de antibióticos no solo.

Estudos comparativos entre compostos tradicionais e os enriquecidos com substrato de cogumelo revelaram vantagens significativas. O material tratado com fungos apresentou maior eficiência no controle de patógenos e genes de resistência, além de estimular o desenvolvimento radicular e a absorção de nutrientes pelas plantas. Técnicas avançadas de metagenômica confirmaram que o processo remodela a comunidade microbiana, favorecendo fungos saprofíticos e microrganismos benéficos.

A pesquisa, publicada na Environmental Science & Technology, destaca ainda que o método reduz a contaminação por oxitetraciclina, antibiótico comumente usado na pecuária, e diminui a propagação de resistência microbiana no solo e nas plantas. Esses resultados abrem caminho para uma agricultura mais limpa, com menor dependência de químicos e melhor aproveitamento de resíduos orgânicos.

A inovação surge como alternativa viável para regiões com alta produção agrícola e pecuária, como Yunnan, na China, onde a abundância de matéria orgânica e biodiversidade fúngica favorece a aplicação da técnica. Se amplamente adotado, o sistema LCM pode contribuir para a segurança alimentar e a redução de impactos ambientais, alinhando-se às demandas por práticas agrícolas sustentáveis.

Stella Legnaioli

Jornalista, gestora ambiental, ecofeminista, vegana e livre de glúten. Aceito convites para morar em uma ecovila :)

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