Foto de Jorge Zapata na Unsplash
Nas Ilhas San Juan, entre o estado de Washington, nos Estados Unidos e a Ilha de Vancouver, no Canadá, existe um santuário para 74 subespécies de orcas. A proteção e monitoramento desses animais é feito por uma organização de conservação marinha em conjunto — interessantemente — de um cão.
Eba, uma cadela resgatada de um faro aguçado, trabalha detectando fezes de baleia – ou excrementos – desde os quatro anos de idade. Ela foi encontrada nas ruas de Sacramento, nos Estados Unidos, aos cinco meses de idade e hoje faz parte de uma equipe essencial para a proteção das baleias.
O cachorro, usando um colete salva-vidas, fica em um barco acompanhado de sua colega de equipe, a Dra. Deborah Giles, uma cientista especializada em orcas.
Quando rastreia um cheiro, Eba alerta Giles através de alguns sinais, como apontar o nariz para cima, às vezes choramingando ou abanando o rabo para apontar a direção certa.
“Queríamos usar a Eba porque ela nos permite ficar bem longe das baleias e não estressá-las”, diz Giles.
Através desse monitoramento e do estudo das fezes das orcas, os pesquisadores conseguem descobrir diversas informações biológicas a partir de uma única amostra. Isso inclui a dieta dos animais, níveis hormonais, exposição à toxinas, gravidez, composição do microbioma intestinal e a quantidade de microplásticos em seu sistema, bem como a presença de parasitas, bactérias e fungos.
Assim que o Eba detecta um rastro de cheiro, Giles coleta as fezes e as processa em um pequeno laboratório úmido na popa do barco. Uma centrífuga separa a matéria fecal da água do mar e a amostra é enviada para análise laboratorial.
Os dados dessas amostras revelaram informações importantes sobre os desafios enfrentados pelas orcas residentes do local.
Embora as Ilhas de San Juan tenham sido, uma vez, habitadas por uma grande população de baleias, hoje, as 74 orcas enfrentam ameaças constantes. Um declínio no salmão Chinook — sua principal fonte de alimento — combinado com o aumento de substâncias tóxicas e o ruído perturbador das embarcações, as levaram à beira da extinção.
Até o monitoramento das orcas pode oferecer riscos aos animais. Portanto, especialistas começaram a pensar em ideias mais humanitárias para a observação dos animais, o que inclui Eba, a cadela, e novas tecnologias.
Drones e cães estão expandindo o conjunto de ferramentas para práticas de conservação não invasivas de espécies.
Os drones usados, por exemplo, são capazes de coletar material dos buracos de respiração das baleias — materiais que ajudam na detecção de material genético, hormônios reprodutivos e sinais de doenças.
“Temos uma visão instantânea do que está acontecendo dentro do animal”, explica James Sheppard, um cientista da San Diego Zoo Wildlife Alliance.
“O que fazemos precisa ter benefícios tangíveis e reais para as espécies que estamos estudando”, diz Sheppard. “Caso contrário, estaremos apenas colecionando selos.
“Temos que ser defensores e pressionar por mudanças. E é isso que a ciência faz.”
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