O uso de óleos essenciais e hidrolatos pode ajudar animais que ficam estressados em queima de fogos, além de funcionar como repelentes dentre muitas outras funções
Na busca por uma vida mais saudável e com menos impacto ambiental, muitas pessoas recorrem a tratamentos mais naturais para se cuidar. O uso de óleos essenciais e hidrolatos está em expansão. Mas você sabia que seus animaizinhos também podem aproveitar dos benefícios dessas terapias? O uso de medicamentos naturais nos pets deve ser incentivado e pode ser muito efetivo, principalmente quando o problema é de fundo emocional.

Quem tem um animalzinho em casa sabe que quaisquer acontecimentos fora da rotina, como fogos de artifício, visitas em casa, viagens, são suficientes para desencadear estresse. Um dos benefícios da aromaterapia é seu potencial relaxante. Usar um óleo essencial em uma situação atípica pode deixar seu bichinho mais tranquilo e, consequentemente, você também se acalma. Os óleos essenciais trabalham em níveis emocionais, cognitivos e fisiológicos. Seus animais de estimação podem apresentar uma melhora com relação a problemas como estresse e ansiedade. Eles também podem auxiliar no combate a pulgas e parasitas, embelezar os pelos, tratar feridas, entre muitas outras funções.
Essas terapias podem ser utilizadas em animais de pequeno e grande portes, mas, por possuírem um ofato extremamente potente, devemos tomar muito cuidado com concentrações, diluições e aplicações dos óleos. Assim como no uso humano, os óleos essenciais devem ser 100% puros e naturais. Essências artificiais podem ser prejudiciais para seu animalzinho e surtir o efeito contrário ao desejado (conheça os cuidados necessários na hora de comprar e armazenar óleos essenciais). O maior problema com óleos essenciais artificiais é que eles podem conter contaminantes ou adulterantes que podem prejudicar a saúde. Por esta razão, é recomendado usar óleos terapêuticos de qualidade, com procedência garantida.
Óleos essenciais e aromaterapia são aspectos úteis para uma medicina veterinária integrativa. Dosagem e frequência da aplicação podem variar bastante de animal para animal. Peso, espécie, raça e histórico do animal devem ser levados em consideração. É importante estudar as características e o comportamento da espécie, o ambiente onde vive o animal e o temperamento individual. O uso incorreto de óleos essenciais pode causar irritações e até mesmo intoxicações graves, por isso consulte seu veterinário de confiança antes de administrar um tratamento ao seu pet.
Embora os óleos essenciais e hidrolatos sejam naturais, eles têm efeitos medicinais e, assim como remédios, podem ser prejudiciais quando usados em excesso. Respeitar a dosagem em relação à massa corporal de seu animal de estimação e evitar administrar com muita frequência são medidas fundamentais.
O dono deve ter paciência. Algumas terapias podem demorar mais para fazer efeito. Observar e entender a resposta de seu animal é muito importante. Um grande benefício desses métodos terapêuticos é o aumento do vínculo de confiança entre o responsável e o animal.
A absorção dessas substâncias se dá pelo olfato e também através da pele. Os óleos essenciais podem estimular a liberação de serotonina, noradrenalina, endorfina, etc. Determinados óleos essenciais, como os de eucalipto, lavanda, canela, tomilho e melaleuca são capazes de agir como antisséptico, anti-inflamatório e antibacteriano, induzindo danos às estruturas celulares de bactérias e fungos como Escherichia colie e Candida albicans.
O olfato e o tato são os sentidos explorados pela aromaterapia. O olfato pela inalação dos óleos essenciais e hidrolatos, e o tato pela massagem terapêutica, que pode ser utilizada em conjunto. Antes de aplicar esses métodos em seu bichinho, é preciso entender as diferenças desses sentidos entre nós humanos e nossos pets, para assim evitar superdosagens prejudiciais.
Olfato
Em comparação com nossos bichinhos, o olfato do homem é menos desenvolvido. Os animais o utilizam muito mais do que os seres humanos. Nem todos os animais sentem os cheiros da mesma maneira. Os cachorros podem detectar aromas com intensidades muito menores que os seres humanos. As células da mucosa olfativa são as responsáveis por essa habilidade sensorial. Em humanos esta mucosa é pequena, com em média 5 cm², já nos cães ela é bem maior, com cerca de 150 cm². Da pra imaginar a diferença? Enquanto temos cinco milhões de receptores olfativos, os cãezinhos possuem cerca de 220 milhões! Vale lembrar que essa capacidade varia de acordo com a raça do bichinho. Raças como bloodhound e pastor-alemão são conhecidas como farejadoras natas.
Já os gatos, além do olfato, possuem um órgão “extra” chamado vomeronasal ou órgão de Jacobson. Ele é considerado o segundo sistema olfativo do gato os ajuda a identificar diversos odores.

Os animais metabolizam e reagem de forma diferente aos óleos essenciais, por isso é importante saber sobre as características da espécie de seu bichinho antes de usar óleos. Em espécies sensíveis, alguns óleos essenciais podem causar toxicidade hepática e renal.
Alguns animais domésticos de pequeno porte, como pássaros, aves, hamsters, coelhos, jabutis e outros, podem usufruir dos benefícios da aromaterapia em vaporizadores ambientais. Esses animais possuem um volume sanguíneo total muito pequeno e uma velocidade de metabolização superior, por isso aplicações diretas são bastante complicadas devido à questão da concentração.
Em aquários, tanques e ambientes aquáticos os óleos essenciais ou hidrolatos não devem ser utilizados. Eles podem alterar o pH da água, e isso pode trazer consequências negativas.
Gatos são mais sensíveis, por esse motivo hidrolatos são mais recomendados. Contudo, óleos essenciais também podem ser úteis, porém com muita parcimônia. Recomenda-se uma atenção extra na concentração, que deve ser menor do que a utilizada em cães. Os gatos são particularmente sensíveis aos óleos essenciais que contêm compostos polifenólicos, como a canela, orégano, cravo, wintergreen, tomilho e bétula, que devem ser evitados.
O uso de óleos essenciais também é muito útil em animais de criação, como ovelhas, cabras, vacas, porcos, búfalos, etc. Estudos analisam seus potenciais de substituição de antibióticos na avicultura e no tratamento de patologias externas como micoses, fungos, parasitas e verminoses.
Formas de aplicação
A aplicação pode ser feita de vários modos, depende da finalidade desejada e do animal em questão. A aplicação pode ser feita diretamente na pele do animal através de massagens – lembrando-se de diluir em óleo vegetal e estar atento à concentração. Pode-se ainda utilizar os óleos essenciais na água do banho ou em compressas.
O difusor de coleira também é um método muito interessante por ser menos invasivo. Existem diversos modelos no mercado e eles funcionam da mesma forma que colares com pingentes aromáticos.

A ação é duradoura, mas deve-se reaplicar a essência de tempos em tempos na coleira.

Nas patinhas a absorção é mais rápida, ao longo da coluna os óleos podem ser aplicados com massagens similares às realizadas em humanos. Diluições podem ser aspergidas em locais onde o animal permanece mais tempo e aromatizadores de ambiente também são uma boa pedida.

Recomendações
- Não use as substâncias perto dos olhos, nariz e nem nos genitais do animal;
- Esteja sempre atento à concentração. Comunique o veterinário ou o terapeuta qualificado sobre o desejo de utilizar óleos essenciais e informe-se sobre as diluições necessárias;
- Em vaporizadores de ambientes, utilize álcool de cereais;
- Ao vaporizar diretamente o bichinho ou local onde ele fica com frequência, como casinha, usar água destilada/filtrada ou hidrolatos;
- Observe a reação de seu animal, se ele demonstrar não gostar do óleo essencial, é melhor evitar;
- Alguns óleos são contraindicados para uso em fêmeas gestantes, como alecrim, cipreste, cedro e cravo;
- Ao utilizar óleos essenciais fotossensibilizantes como os de bergamota, laranja, limão e tangerina, não expor o animal ao sol por um período de até 12 horas após a aplicação.
- Alguns óleos são tóxicos quando usados em excesso (canela, cravo e tea tree) e só devem ser utilizados quando recomendados por um profissional recomendado;
- Evitar os óleos de alecrim e hortelã-pimenta em animais epilépticos;
- Animais com menos de oito semanas não devem entrar em contato com óleos, exceto na condição de aromatizador de ambientes.
Usos
Os usos são diversos. Alguns óleos essenciais são estimulantes, outros têm sensação calmante como o de lavanda. Alguns são antissépticos, anti-inflamatórios e antibacterianos.
O óleo de lavanda é um dos mais úteis para problemas do dia a dia como medo de água, trovões etc. Ele tem efeitos potentes sobre o cérebro e cria uma sensação calmante. Pequenas quantidades de óleo de lavanda podem ser utilizadas antes de viagens para acalmar animais de estimação, ou em outras situações de estresse. Ele pode fazer o animal de sentir sonolento e é muito útil em dias de queimas de fogos. Confira alguns usos do óleo:
Medo de água:
Pingar três gotas de óleo essencial de lavanda diluídas em 15 gotas de água destilada na nuca do animal vinte minutos antes do banho.
Medo de rojões, trovoadas e fogos:
Faça uma massagem na barriga do animal, interior das coxas e peito com três gotas de óleo essencial de lavanda diluídas em dez gotas de óleo vegetal (de amêndoas doces ou de uva, por exemplo).

Calmante para agitação sexual:
Em épocas de cio ou quando o animal estará na companhia de outros animais do sexo oposto essa misturinha pode ser bem útil. Combine 15 ml de óleo vegetal carreador, dez gotas de manjerona (Origanum marjorana), duas gotas de lavanda (Lavandula officinalis), duas gotas de limão (Citrus limonum), uma gota de hortelã-pimenta (Mentha pipperita). Aplique duas gotas nas axilas e virilha uma vez por dia.
Repelentes
O óleo de citronela é um poderoso repelente de insetos, além disso, diversos repelentes líquidos (aqueles para evitar que seu cãozinho faça as necessidades no lugar errado) são feitos a base desse óleo (veja mais sobre isso aqui).
Xampu repelente:
Desodorizante, antisséptico e repelente de insetos, moscas e mosquitos, pulgas, carrapatos. Combine 100 ml base de xampu neutro e 22 gotas de óleo essencial de citronela (Cymbopogon nardus). Aplique uma vez por semana durante o banho.
Água de colônia repelente:
Desodorizante, antisséptico e repelente de insetos, moscas e mosquitos, pulgas, carrapatos. Combine 80 ml de água deionizada ou água mineral, 20 ml de álcool de cereais e 22 gotas de citronela (Cymbopogon nardus). Aplique uma vez por dia na região lombar.
Pulgas e carrapatos:
Misture uma gota de óleo de melaleuca e uma gota de óleo de citronela e aplique na caminha do animal uma vez ao dia. Você também pode aplicar uma gota de óleo de citronela no difusor de coleira de três em três dias.
Vale lembrar que a maior parte das pulgas fica no ambiente. Por isso, o chão, móveis e locais em que o animal fica bastante devem ser limpos com desinfetante e depois com um pano embebido na mistura de seis gotas de óleo de citronela mais dez gotas de óleo de melaleuca e um copo americano de álcool de cereais.
Necessidades fora de lugar e cropofagia:
Limpe o local com desinfetante e aplique a mistura de cinco gotas de óleo de citronela e uma colher de sopa de álcool de cereais em todos os locais onde o animal urinou ou defecou. Insista, use por 30 dias.
Xampu bactericida:
O óleo de melaleuca é um bactericida potente e antifúngico. Misture 100 ml base de xampu neutro e 22 gotas de tea tree (Melaleuca alternifolia). Aplique uma vez por semana durante o banho.
Existem diversos outros óleos muito úteis na saúde de seu animal, vale lembrar que as receitas acima são indicadas para cachorros de porte médio e grande. Sempre consulte seu veterinário de confiança ou terapeuta competente antes de aplicar qualquer produto com fins terapêuticos. Tomando os cuidados necessários seu pet poderá usufruir dos benefícios da aromaterapia com segurança. Para conhecer óleos naturais e de qualidade, clique aqui.
