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Muitos gastos em saúde poderiam ser evitados com a redução da poluição

Os delegados dos países reunidos em Bruxelas, na Bélgica, durante a 68ª Assembleia da Organização Mundial da Saúde (OMS) aprovaram, em 26 de maio, uma resolução que chama a atenção para as graves consequências da poluição atmosférica para a saúde pública e a economia, especialmente nos países mais pobres.

Os números são alarmantes: cerca de 3,7 milhões de mortes são atribuídas à contaminação lançada ao ar livre, enquanto 4,3 milhões de mortes são resultantes de contaminação de ambientes mal ventilados.

O documento faz uma chamada à OMS para fortalecer sua capacidade e para os países redobrarem seus esforços de redução dos impactos da poluição do ar. A resolução também reconhece a relação complexa entre a melhoria da qualidade do ar e a redução das emissões de gases que causam as mudanças climáticas.

No Brasil, um estudo feito por pesquisadores da Universidade de São Paulo para o Instituto Saúde e Cidadania mostra que a poluição atmosférica será a causa de 250.000 mortes nos próximos 15 anos, 25% delas somente na cidade de São Paulo. A concentração de material particulado no ar é proveniente em 90% de veículos motorizados e vai levar 1 milhão de pessoas a se hospitalizarem, causando gastos públicos na casa de R$ 1,5 bilhão.

No Rio de Janeiro, os números são igualmente ruins. A mortalidade atribuída à poluição do ar no período entre 2006 e 2012 ficou em 31.194 mortes. Já as internações alcançaram 65.102 na rede pública de saúde. Como resultado, houve um gasto público na ordem de R$ 82 milhões em internações que poderiam ter sido evitadas caso os níveis de poluição não fossem tão altos.

Maiores níveis

Em outros países os números são ainda piores. Índia e China disputam o título do país com maiores níveis de poluição atmosférica no mundo. Um estudo da OMS indicou que a Índia sozinha tem 13 das 20 cidades mais poluídas do mundo.

Outro estudo, da Universidade de Chicago, mostrou que os 660 milhões de indianos mais expostos à contaminação atmosférica poderiam viver três anos mais se o ar que respiram atendesse pelo menos aos padrões nacionais.

Principais causas

As combustões de diesel e carvão estão entre as principais causas da contaminação do ar. O transporte motorizado, por sua vez, corresponde a cerca de metade das mortes prematuras causadas pela emissão de material particulado no ar nos países da OCDE. A energia proveniente da queima de carvão é uma das principais fontes de dióxido de carbono, o principal gás de efeito de estufa responsável ​​pelas alterações climáticas.

“A resolução da OMS chega em um momento crucial para a humanidade e é importante para chamar a atenção do público e dos governos para a necessidade imperiosa de combater as causas da poluição atmosférica conjugada com os esforços para evitar as mudanças climáticas”, destacou Mariana Veras, pesquisadora do Laboratório de Poluição Atmosférica Experimental da USP.

“Trata-se de salvar milhões de vidas que se perdem prematuramente por doenças que poderiam ser evitadas facilmente e, ao mesmo tempo, evitar o enorme impacto econômico que afeta todos os países, mas particularmente os mais pobres”, ressaltou a pesquisadora.

Ações necessárias

O físico e especialista em energia Delcio Rodrigues explica que vários dos elementos causadores da poluição atmosférica são os mesmos que provocam as mudanças climáticas, como por exemplo o CO2 e outros gases de efeito estufa emitidos pelo uso de combustíveis fósseis.

“Está nas mãos dos governos, em seus diversos níveis, tomar as ações necessárias para salvaguardar a vida de seus cidadãos, evitando custos hospitalares e mortes desnecessárias que, além de causar sofrimento, comprometem o futuro dos países e comunidades”, observou Rodrigues.

“A OMS tem padrões claros para a emissão de partículas causadoras de poluição do ar, que não são seguidas por muitos países e cidades tanto nos países em desenvolvimento, como nos ricos”, finalizou o especialista.

Oportunidade preciosa

Os países têm este ano uma oportunidade preciosa de partir para a ação e proteger a vida e o futuro de seus cidadãos, à medida que as Nações Unidas finalizam (em setembro) os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável e o mundo se prepara para a Conferência do Clima (COP21) em Paris, no fim do ano.

No âmbito nacional, essa conjuntura abre também a porta para conversas e decisões sobre soluções concretas e relevantes para a vida das cidades e comunidades, como um planejamento urbano mais verde, uso de energia mais limpa, códigos que estimulem construções mais eficientes e seguras, entre outras medidas urgentes e necessárias.


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