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Pesquisa com 253 pacientes atendidos no Hospital das Clínicas mostra que solteiros, viúvos e divorciados apresentaram 2,3 vezes menos chances de controlar a pressão arterial alta do que os casados ou em união estável

Imagem de Kelly Sikkema em Unsplash

O estado civil pode interferir no índice de controle da pressão arterial das pessoas, sugere pesquisa da Escola de Enfermagem (EE) da USP. Segundo o estudo, realizado com dados de 253 pacientes atendidos em um ambulatório de alta complexidade do Hospital das Clínicas (HC) da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP), mulheres e homens casados ou aqueles que vivem em união estável têm 2,3 vezes mais chances de controlar a hipertensão do que os solteiros, viúvos e divorciados. A pesquisa recebeu prêmio no 27º Congresso da Sociedade Brasileira de Hipertensão como melhor trabalho da área multidisciplinar.

O grupo estudado era composto de homens (39,3%) e mulheres (61,7%) acima de 18 anos (média de 60 anos). A maioria era casada (52,8%) e com ensino médio completo (44,3%). Foram coletadas informações biossociais (características sociais, como renda, raça, idade, etc.), etilismo (consumo de álcool), tabagismo, atividade física, morbidades, medicamentos em uso e avaliação de adesão ao tratamento pela escala terapêutica de Morisky (perguntas feitas aos pacientes, cujas respostas permitem saber se são aderentes ou não a um tratamento).

Além de mostrar que homens e mulheres casados ou que viviam em união estável tinham mais chances de controlar a pressão arterial, o estudo também observou que 69,2% dos hipertensos estavam com a pressão arterial controlada e 90% informaram fazer tratamento medicamentoso. Esses achados chamaram a atenção dos pesquisadores, principalmente a taxa de controle dos hipertensos, semelhante à de países desenvolvidos. Mas Mayra ressalta que essa não é a realidade do restante do País, pois o controle da pressão tem sido um grande desafio.

Polifarmácia

O estudo mostrou também que o uso de muitos medicamentos interferia no índice de controle da pressão arterial. Quanto maior o número de medicamentos em uso (polifarmácia), menor era a chance de controle. A cada fármaco prescrito ao tratamento, a chance de controle diminuía em 21,3%.

Segundo a pesquisadora, na literatura médica, o uso de cinco ou mais medicamentos já é considerado polifarmácia. O fenômeno está associado ao aumento do risco e da gravidade das reações adversas ligadas a interações medicamentosas e à redução de adesão ao tratamento. Os hipertensos da pesquisa apresentavam outras doenças como diabete e dislipidemia (níveis aumentados de gordura no sangue), que também requerem tratamento medicamentoso, o que justificaria o elevado número de fármacos.

O uso de um grupo de medicamentos utilizado para tratamento de hipertensão (bloqueadores de canal de cálcio) influenciou no controle. Os hipertensos que faziam uso desses fármacos apresentaram 55,9% menos chances de controlar a pressão arterial.

Segundo a pesquisadora, “essa associação negativa do bloqueador do canal de cálcio com o controle da pressão é difícil de ser analisada pois são anti-hipertensivos eficazes: reduzem a morbimortalidade cardiovascular, possuem boa tolerabilidade e proporcionam segurança no tratamento da hipertensão arterial. Diversos fatores podem ter influenciado nesse resultado, tais como a complexidade da condição dos hipertensos e, consequentemente, dificuldade de controle da pressão”, diz a pesquisadora ao Jornal da USP. Morbimortalidade cardiovascular é um conceito que se refere ao índice de pessoas mortas em decorrência de uma doença específica dentro de determinado grupo populacional.

Hipertensão

No Brasil, a hipertensão arterial atinge cerca de 31% dos adultos e 60% dos idosos. É a principal causa de morbimortalidade cardiovascular e o controle da pressão arterial é a forma mais eficaz de evitar complicações.

Segundo a pesquisadora, a meta de controle não é uma tarefa fácil de ser atingida por falta de implementação de estratégias populacionais. Ter uma fonte usual de cuidados, otimizar a adesão ao tratamento e minimizar a inércia terapêutica (garantir que a dose e os números de medicamentos estejam corretos para cada indivíduo) estão associados a maiores taxas de controle.

Uma parceria entre paciente, profissionais de saúde e sistema de saúde incorpora uma abordagem multinível para o controle da hipertensão e pode trazer resultados mais satisfatórios, diz Mayra.

A dissertação de mestrado Controle da hipertensão arterial em um ambulatório especializado de alta complexidade foi apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Enfermagem na Saúde do Adulto da Escola de Enfermagem (EE) da USP. Um artigo será enviado para publicação na revista International Journal of Clinical Practice.



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