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Estudos já identificaram a presença de microplástico em órgãos humanos, incluindo fígado, rins, baço e até pulmões

A presença de microplásticos em humanos não é novidade. Em 2018, um estudo revelou que mais de 50% da população mundial teria microplástico em suas fezes. Segundo dados da organização sem fins lucrativos Orb Media, sediada em Washington (EUA), há microplásticos no ar que respiramos, em alimentos como o sal ou a cerveja e até na água que bebemos: cerca de 83% da água de torneira do mundo está contaminada com microplásticos. Um estudo encontrou partículas de microplástico até na água engarrafada.

Em 2020, outro estudo, conduzido por cientistas da Arizona State University (EUA), identificou, pela primeira vez, minúsculos pedaços de plástico que fixaram residência em todos os principais órgãos de filtragem do corpo humano. Os pesquisadores encontraram evidências de contaminação por microplástico em amostras de tecido retiradas de pulmões, fígado, baço e rins de corpos humanos doados para pesquisa.

As descobertas foram apresentadas em uma reunião anual virtual da American Chemical Society. O método permitiu identificar, entre outros, plásticos como tereftalato de polietileno (PET) e bisfenol A (BPA), utilizados na produção de garrafas plásticas e plásticos diversos, respectivamente. Segundo os cientistas, o BPA é mais perigoso do que o PET, em razão de seu caráter tóxico e reprodutivo.

O pesquisador Varun Kelkar, um dos autores do estudo, afirmou que “não queremos ser alarmistas, mas é preocupante que esses materiais não biodegradáveis ​​que estão presentes em todos os lugares possam entrar e se acumular nos tecidos humanos – e ainda não sabemos os possíveis efeitos desse fenômeno para a saúde”.

O problema crescente dos microplásticos

Microplásticos são minúsculas partículas de plástico que escapam para o meio ambiente, por meio do descarte inadequado destes materiais não biodegradáveis. Através de um processo conhecido como quebra mecânica, provocado pela chuva, pelo vento e pelas ondas do mar, os plásticos indevidamente descartados se fragmentam em pequenas partículas, que dão origem aos chamados microplásticos – os maiores poluentes do oceano no mundo.

Além do descarte inadequado dos resíduos, os microplásticos invadem o meio ambiente por meio de diversas atividades humanas, como lavagem de roupas de poliéster, atrito dos pneus com o asfalto, utilização de produtos que contêm microplásticos de polietileno e outras. É assim que eles invadem o ar que respiramos, a comida que ingerimos, a água que bebemos e os oceanos, prejudicando a vida marinha e a saúde humana.

Provocam prejuízos à saúde humana

Com poucos estudos a respeito da presença de microplástico em humanos, não sabemos precisamente quais efeitos para a saúde a ingestão desses materiais pode causar. No entanto, sabe-se que os alimentos embalados por recipientes contendo bisfenol sofrem contaminação.

Ao consumirmos esses produtos, ingerimos também o bisfenol, cujo consumo está comprovadamente associado a diabetes, síndrome do ovário policístico, câncer, infertilidade, doenças cardíacas, fibromas uterinos, abortos, endometriose, déficit de atenção, entre outras doenças.

Além disso, um relatório chamado Plastics, EDCs & Health: A Guide For Public Interest Organizations and Policy-makers on Endocrine Disruption Chemicals & Plastics demonstrou que diversos tipos de plástico se comportam como disruptores endócrinos, podendo causar esterilização, problemas comportamentais, diminuição da população e outros danos à saúde.

Já faz muito tempo que existe a preocupação de que os produtos químicos presentes nos plásticos possam ter uma ampla gama de efeitos sobre a saúde humana, desde diabetes e obesidade até disfunção sexual e infertilidade. Mas a presença dessas partículas microscópicas nos órgãos principais também aumenta o potencial de que os microplásticos possam atuar como irritantes cancerígenos da mesma forma que o amianto.

Nem os bebês escapam

Estudo publicado na revista científica Nature Food em 2020 mostrou que as mamadeiras podem ser fonte de ingestão de microplástico em bebês. Observando as taxas de consumo de leite em mamadeiras e de amamentação em todo o mundo, pesquisadores estimaram que um bebê consome, em média, 1,6 milhão de partículas de microplástico todos os dias.

Na América do Norte, onde mamadeiras de plástico são mais comuns e as taxas de amamentação são mais baixas quando comparadas aos índices de países em desenvolvimento, esse número chega a 2,3 milhões de partículas por dia. Na Europa, a taxa é de 2,6 milhões; na França, Holanda e Bélgica, entretanto, pode chegar até 4 milhões.

Pulmões afetados pelos microplásticos

Um estudo conduzido por pesquisadores da Florida State University, nos Estados Unidos, investigou o tipo de dano que os microplásticos podem causar aos pulmões humanos, observando mudanças na forma das células pulmonares e uma desaceleração em seu metabolismo quando expostos a essas minúsculas partículas de plástico.

A equipe decidiu investigar os riscos para a saúde da inalação e ingestão dessas pequenas partículas, realizando experimentos em células do pulmão humano em uma placa de Petri que foram submetidas a concentrações ambientais de partículas de poliestireno.

Alguns dias depois, os cientistas notaram a ocorrência de mudanças estranhas nas células – e descobriram que as partículas de plástico faziam com que o metabolismo delas diminuísse, impedindo sua proliferação e crescimento.

Os plásticos também faziam com que as células do pulmão se desgrudassem, criando lacunas no que normalmente seria uma folha contínua e sólida de células. Além disso, a equipe descobriu que as partículas foram realmente absorvidas pelas células para formar um anel ao redor do núcleo da célula.

A autora principal do estudo, Qing-Xiang “Amy” Sang, ressalta: “Não queremos exagerar os efeitos nocivos dos microplásticos na saúde humana. O motivo pelo qual os plásticos são amplamente usados ​​é porque eles são bons materiais para a indústria, construção, suprimentos médicos e de pesquisa e produtos de consumo”.

“Mas pode haver alguns efeitos indesejáveis ​​de longo prazo que podem ser especialmente prejudiciais para bebês em crescimento e pessoas com doenças pulmonares. Precisamos investigar para ter uma melhor compreensão do custo potencial para a saúde humana”, conclui Sang.


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