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De dez amostras coletadas em São Paulo, nove estavam contaminadas

Pesquisas já tinham comprovado a a existência de microplástico nas águas de oceanos, de gelo marinho, de lagos remotos, de rios e também na atmosfera, mas a água da torneira ainda não havia sido estudada.

Um levantamento inédito feito pela organização Orb Media identificou que mais de 80% de amostras coletadas dos cinco continentes do mundo possuem microplástico. A pesquisa também revelou que a água subterrânea, considerada uma das mais seguras quanto à potabilidade, também está contaminada por fibras microplásticas.

Foram encontradas fibras de microplástico na água das torneiras das cidades de Nova Iorque (Estados Unidos), Londres (Inglaterra), Beirute (Líbano), Nova Deli (Índia), Quito (Equador) e outras cidades.

A partir desse levantamento, o jornal brasileiro Folha de S. Paulo colheu outras dez amostras de torneiras da cidade de São Paulo e as enviou para serem analisadas por especialistas da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de Minnesota, nos EUA.

As amostras foram colhidas no Parque do Ibirapuera, na Universidade de São Paulo, na Praça da Sé e no Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand (Masp).

O resultado da análise mostrou que, de dez amostras, nove estavam contaminadas por microplástico. Mesmo invisíveis, os microplásticos estão presentes.

Até o momento, não se sabe como essas fibras de plástico vão parar na água e nem os riscos que o consumo desse tipo de material pode trazer. Mas sabe-se que quando a água é aquecido (o que ocorre com frequência no processo de cozimento de alimentos, por exemplo), há liberação de substâncias nocivas que estão ligadas à superfície do microplástico.

Legislação

Você deve estar pensando: não existe algum tipo regulação que certifica a potabilidade da água?

Sim, existe. O problema é que, como a própria Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) pronunciou, nos parâmetros brasileiros de água potável não há menções a micropartículas de plástico… E nem a hormônios ou a outras substâncias correlatas. Nos Estados Unidos e em outros países não é diferente; as agências reguladoras não estabeleceram normas de segurança para a presença de partículas de plástico na água potável.

Das 28 estações de tratamento de água da Sabesp na região metropolitana de São Paulo, duas estão equipadas com membranas de nanofiltração. Um tipo de filtração capaz de reter pequenas partículas.

Como reportou o a Folha de S. Paulo, uma dessas duas estações equipadas com sistema de nanofiltração fica no sistema Guarapiranga, que abastece as regiões sul e sudoeste de São Paulo; e a região de Itapecerica da Serra, Embu das Artes e Embu-Guaçu. Mas dos 16 mil litros por segundo que processa, só dois mil passam pela membrana. A outra estação com membranas de nanofiltração é a do sistema Rio Grande, que abastece Diadema, São Bernardo do Campo e Santo André. Ali, só um décimo da água passa pela nanofiltração.

Cadeia alimentar

Além do problema do microplástico na água em si, existe o fato do plástico atrair para si substâncias tóxicas e acabar intoxicando animais na base da cadeia alimentar.

Quando o microplástico vai parar no oceano, ele absorve outros poluentes e, uma vez acumulado em animais da cadeia alimentar, – como ostras, por exemplo – passa a estar presente no organismo humano carregando uma série de substâncias tóxicas.

Ingerindo tóxicos

De acordo com o oceanógrafo da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Felipe Gusmão, o programa internacional Pellet Watch – que monitora plásticos em praias ao redor do planeta – registrou algumas das amostras mais contaminadas entre as provenientes no mar de Santos.

Dentre os poluentes que aderem ao microplástico, a Pellet Watch destacou os POPs, substâncias tóxicas bioacumulativas e biomagnificadas. Os POPs persistem no ambiente durante muito tempo e têm a capacidade de se acumularem na gordura, no sangue e nos fluidos corporais de humanos e animais causando disfunções hormonais, imunológicas, neurológicas e reprodutivas.

Richard Thompson, pesquisador da Universidade de Plymouth, no Reino Unido, afirmou que, uma vez no intestino, a liberação dos produtos tóxicos presentes no microplástico ocorre de forma bem rápida.

De onde vem o microplástico?

O microplástico já está presente nos alimentos, no sal, na cerveja, no ar e na água. Para entender melhor como ele contamina tudo isso, confira a matéria:

microplastico
Há microplásticos no sal, nos alimentos, no ar e na água

Mas quanto à contaminação da água da torneira, somente uma fonte foi confirmada: o tecido sintético. O tecido sintético é uma composição de plástico e, durante a lavagem pode soltar até 700 mil fibras cada vez que for lavado.

Nos EUA, são despejados nas vias fluviais públicas cerca de 29 toneladas por dia de fibras de microplástico. Um estudo feito na França mostrou que três a nove toneladas de fibras sintéticas se depositam sobre Paris a cada ano. E se você reparar, não é somente nas roupas que a fibra sintética está presente. O tecido sintético também faz parte do estofamento de carros e sofás, lençóis de cama, almofadas, echarpes, redes de pesca, bolsas, tapetes e uma infinidade de outros itens.

O que fazer?

Apenas 14% de todo o plastico é reciclado… O restante desperdiça, por ano, de 80 a 120 bilhões de dólares no processo de produção. E ainda 32% de todo o plástico que não é reciclado escapa para o ambiente e por lá permanece durante centenas de anos. Pensando nisso, a iniciativa The New Economy Plastic convida empresas e organizações a repensarem a cadeia de produção do plástico, um necessidade urgente.

Enquanto consumidores, o que podemos fazer é reduzir o consumo de plástico na medida do possível:

  • Troque sua escova de dentes de plástico por uma de bambu.
  • Prefira embalagens de vidro.
  • Troque a fibra sintética pelo algodão orgânico.
  • Reutilize! Reinvente seus objetos.
  • Zere o consumo de itens de plástico supérfluos, como canudinhos.
  • Zere o consumo de cosméticos com esfoliantes sintéticos; substitua-os por receitas naturais. Confira seis receitas de esfoliantes caseiros.
  • Repense seu consumo e o que você pode fazer para reduzir o plástico presente na sua vida.
  • Dê prioridade aos bioplásticos. Conheça o plástico verde, o plástico PLA e o plástico de amido.
  • Descarte corretamente e encaminhe para reciclagem. Confira quais são os postos de coleta mais próximos de sua residência.
  • Pressione empresas e governos para que garantam o retorno do plástico à cadeia de produção, afinal de contas, nem todo plástico reciclável destinado corretamente é efetivamente reciclado. E as perdas para o ambiente ultrapassam a questão da reciclagem.
  • Fomente iniciativa em conjunto de redução do consumo de plástico.

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