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Entenda como funciona a estratégia de obsolescência que está relacionada com as inovações tecnológicas

Você já usou um telefone como este da foto acima? Já assistiu algum filme VHS em vídeo cassete? Lembra-se de quando os aparelhos televisores não eram finos como os de hoje em dia? Já teve um telefone celular que não tirasse foto? Costuma comprar novos produtos por conta de suas inovações tecnológicas? Se a resposta foi sim para a maioria dessas perguntas, então mesmo que o termo não soe familiar, você conhece e pode ser uma vítima da obsolescência de função.

O que é obsolescência de função?

A Obsolescência de função, obsolescência funcional ou obsolescência tecnológica, como também é conhecida, ocorre quando um produto, mesmo funcionando e cumprindo a função para o qual foi projetado, é substituído por um novo, com tecnologia mais avançada, que acaba desempenhando com mais eficiência as necessidades do consumidor. Esse tipo de obsolescência acontece quando há a introdução de um novo produto genuinamente aperfeiçoado no mercado.

Essa forma de obsolescência é considerada por alguns especialistas como a mais antiga e permanente desde a Revolução Industrial, podendo ser analisada por meio das inovações tecnológicas. Dessa maneira, a obsolescência de função está associada à concepção de progresso percebido como avanços tecnológicos ocorridos na sociedade ao longo dos anos.

Para entendermos melhor sobre esse assunto é interessante observar alguns exemplos sobre do que se trata a obsolescência de função. A substituição do telégrafo pelo telefone e do celular analógico pelo celular digital; a evolução do telefone ao longo dos anos (como pode ser observado na figura abaixo); a substituição das antigas máquina de escrever pelo computador moderno, e do computador pelo laptop pessoal. Esses são apenas alguns exemplos de como o avanço tecnológico acaba impulsionando e moldando a sociedade capitalista de consumo.

Assim a obsolescência de função faz parte da natureza do desenvolvimento. Essa estratégia se refere ao que ocorre quando há de fato um aprimoramento e, portanto, não se trata de algo ruim, sendo importante que aconteça.

Dessa maneira, alguns pesquisadores apreciam essa forma de obsolescência, pois pode ser vista como resultado do notável avanço tecnológico, o que, inclusive, deve ser incentivado. Todos reconhecemos como algo positivo o fato de aviões de passageiros com motores de pistão terem sido superados por aviões a jato, mais velozes e silenciosos. Também agradecemos o fato de podermos discar direto um número a centenas de quilômetros de distância em vez de termos que fazer a ligação por intermédio de telefonistas.

Evolução do telefone
Imagem de Alexas_Fotos por Pixabay

Olhando para o nosso passado recente, podemos perceber explicitamente o emprego da estratégia de obsolescência de função em diferentes tipos de produtos: no ramo dos aparelhos celulares – que em menos de duas décadas de comercialização já ultrapassa as inovações de diversos eletrônicos existentes antes de sua aparição no mercado; no ramo das câmeras fotográficas – que se tornaram digitais e foram acrescidas de novos recursos, ampliando sua área de atuação (como pode ser visto na imagem abaixo); e no ramo dos produtos ligados à área da informática, que em ritmo acelerado se apresentam acrescidos de novas funções constantemente.

Os dispositivos de telefonia móvel, especificamente, têm se mostrado alvos notórios da obsolescência de função, em especial desde a década de 90, ao apresentarem aceleradas mudanças tecnológicas.

A rapidez com que novos produtos são apresentados e acrescidos de novas funções proporciona uma crescente obsolescência para uma infinidade de itens lançados, já considerados em defasagem com relação ao último lançamento.

Como essa estratégia surgiu no mundo?

Imagem de rawpixel por Pixabay

Segundo historiadores, com o desdobramento da Guerra Fria após a Segunda Guerra Mundial, mudanças inovadoras ocorreram de forma avassaladora, e todo o desenvolvimento científico que antes se processava no âmbito militar pode ser empregado no desenvolvimento dos bens duráveis. Plástico, microeletrônica, informática, telefonia, tecnologia de ponta, por exemplo, representam conquistas militares que foram incorporadas no setor civil.

Nos Estados Unidos, a tecnologia militar era imediatamente aplicada à indústria civil. O fato de a economia americana ter crescido impulsionada pela indústria bélica teve várias conseqüências importantes para a vida política da nação. As empresas que produziam a tecnologia necessária ao Estado foram transformadas em imensas corporações, com grande poder de influenciar as decisões do Poder Executivo e do Congresso.

Com constantes inovações na produção de novas mercadorias, que apresentavam pequenas mudanças de função, criou-se um ritmo acelerado de descarte dos produtos que se tornavam antiquados em relação aos novos lançamentos. Dessa forma, foi criada uma constante demanda pelo mais novo e tecnológico produto disponível no mercado.

A obsolescência de função também foi muito utilizada na linha dos produtos automobilísticos. Um carro americano apresentava mudanças funcionais geralmente de três em três anos, quando se tratava de carroçaria. Quando se tratava dos faróis, paralamas e coisas semelhantes, a mudança ocorria a cada dois anos. Mas, durante o ano de 1958, a General Motors decidiu que ia remodelar a carroçaria de seus automóveis anualmente, criando uma nova pressão para a concorrência. Essa técnica visava incentivar as vendas e foi produzida intencionalmente para criar velocidade de vendas em todos os tipos de mercadoria, ao renovar as funções dos produtos existentes.

Conheça as estratégias de obsolescência de produtos em uso na sociedade:

Como age na atualidade?

Imagem de Maret Hosemann por Pixabay

Atualmente, apesar de ainda ser considerada uma estratégia comum, essa forma de obsolescência acaba sendo um pouco mais rara do que se imagina. Pois, frequentemente, o chamado novo produto é apenas um novo conceito de embalagem ou apenas uma alteração estética externa, não ocorrendo um real processo de inovação que torne a versão anterior do produto de fato ultrapassada.

Por exemplo: os aparelhos de celular mais modernos, na maioria das vezes, quando são descartados e substituídos por novos, não se tornam funcionalmente obsoletos. Nesse caso, o que ocorre é a obsolescência programada ou a obsolescência perceptiva.

Produtos realmente novos e autênticos não são fáceis de criar, mesmo com o rápido progresso científico e tecnológico experimentado em nossa época. Assim, grande parte das novidades apresentadas ao consumidor são fraudulentas ou relacionadas – de forma trivial – com a função e a utilidade de determinado produto.

Um novo produto lançado no mercado, em geral, pode apresentar melhoramentos de suas funções, como é o caso dos automóveis e computadores – que trazem novas tecnologias e atualizações dos produtos. Esses novos produtos serão intensamente explicitados pelas campanhas de venda, como o “mais novo” produto de alguma marca, concorrendo também com o produto da mesma empresa, mas que foi lançado anteriormente.

Assim, é por meio da função que os novos produtos competem com os antigos, e essa obsolescência de função é apresentada rapidamente no mercado criando no consumidor a sensação de estar sempre atrasado.

Portanto, hoje em dia, não é por meio da criação de um novo produto outrora inexistente que se gera uma nova necessidade, mas simplesmente por uma nova função, que será muito bem trabalha no inconsciente coletivo pelas campanhas publicitárias – e passará ser necessária a partir de então.

Porém, apesar de alguns aspectos negativos, a obsolescência de função seria a menos perversa e a que mais se aproxima dos princípios de sustentabilidade. Nessa visão, um produto existente se torna antiquado quando é introduzido um novo que executa melhor a sua função. Assim, nessa lógica, o produto não é fabricado com defeitos congênitos, como no caso da obsolescência programada, o que evitaria o seu descarte prematuro.

É bom que nossa sociedade invista em tecnologia e ofereça produtos e serviços melhores. Os avanços tecnológicos contribuem para o acesso a bons exames médicos e diagnósticos feitos em equipamentos de última geração. Uma nova tecnologia torna um equipamento obsoleto. E, como já foi dito, quando uma telefonista não precisa mais completar nossa ligação ou quando conseguimos voar em um avião a jato e não mais no modelo com motor movido a pistão, tudo isso merece aplausos.


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