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Imaginava-se que as barreiras pudessem ter outras causas

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A Reserva de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá é a casa do macaco-de-cheiro da cabeça preta (Saimiri vanzolinii). Aliás, esse primata somente é encontrado neste ambiente, em uma pequena área da unidade de conservação, de 870 km². Mas os pesquisadores acreditam que o local de ocorrência da espécie vem sendo reduzido ao longo dos anos e pode, no futuro, levar à diminuição da população.

Estudos desenvolvidos na reserva desvendaram que as barreiras para a dispersão desses macacos para outras regiões são ecológicas. Uma das explicações é relacionada à diferença na estrutura de floresta e disponibilidade de recursos utilizados para a alimentação da espécie. A pesquisadora do Instituto Mamirauá, Fernanda Paim, explica que há outras duas espécies disputando o habitat do macaco-de-cheiro da cabeça preta e, por ocorrerem em maior abundância, podem estar pressionado os primatas em menor quantidade.

“Em algum momento da história evolutiva dessas espécies, os animais entraram na várzea da Reserva Mamirauá e eu acredito que, de alguma forma, eles estão pressionando os Saimiri vanzolinii, o que, a longo prazo, pode comprometer o tamanho de sua área de distribuição geográfica, podendo levar a espécie à extinção. Essa é uma hipótese, mas seria um caso de extinção natural”, afirmou a pesquisadora.

Durante a pesquisa, as três espécies vivem em áreas claramente delimitadas na Reserva Mamirauá. Os pesquisadores imaginavam que os rios atuariam como barreiras geográficas, separando os limites de distribuição de cada espécie, mas outros fatores se apresentam como mais relevantes para a distribuição. A principal é a questão ecológica, como aponta Fernanda Paim.

A pesquisadora ressalta que a área de ocorrência de uma espécie é um dado importante para traçar estratégias de conservação. O macaco-de-cheiro da cabeça preta é classificado como vulnerável pela União Internacional pela Conservação da Natureza (IUCN, na sigla em inglês). Como a área de ocorrência dessa espécie é limitada a uma unidade de conservação, a partir de informações como a dieta e a ecologia desses símios, poderiam ser sugeridas adequações ao plano de manejo da área.

“Essa unidade de conservação é um sítio biogeográfico muito importante para os macacos de cheiro. É um local especial, porque três espécies [das sete conhecidas] conseguiram se adaptar e viverem juntas nessas áreas”, contou Fernanda.

As espécies, porém, vivem em habitats diferentes da Reserva Mamirauá: várzea alta, várzea baixa e chavascal. Os macacos-de-cheiro da cabeça preta têm preferência por esta última região.

“Os chavascais da área possuem uma maior riqueza de espécies de árvores, quando compado ao mesmo tipo florestal das outras espécies. Há um tipo de cipó muito comum nessa área, chamado liana, que eles usam na alimentação. Então, de alguma forma, essa região onde a espécie está restrita, apesar de ser tão pequena, oferece o que é necessário para ele viver. O que separa a distribuição deles não são os rios, mas as diferenças na estrutura de floresta e oferta de recursos necessários para a sobrevivência da espécie”, disse a pesquisadora do Instituto Mamirauá.



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