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Controverso projeto financiado por Bill Gates propõe resolver aquecimento global liberando poeira na atmosfera

Imagem de Mourya em Unsplash

As mudanças climáticas são um dos maiores desafios ambientais do nosso tempo – senão o maior deles. Por isso, nos últimos anos, cientistas de todo o mundo e de diversas áreas têm se dedicado a buscar soluções para o problema. Agora, há outro projeto desse tipo para adicionar à lista. O Experimento de perturbação estratosférica controlada – ScoPEx, executado pelo Grupo de Pesquisa Keutsch da Universidade de Harvard, está próximo de atingir uma nova etapa: um voo de teste programado para ocorrer na Suécia em junho.

O ousado projeto de pesquisa, em andamento desde 2014, é financiado pelo Programa de Pesquisa Solar Geoengineering de Harvard, com o auxílio milionário de diversos doadores privados, incluindo o cofundador da Microsoft, Bill Gates. A ideia consiste em liberar poeira de longa duração na atmosfera superior para bloquear parte da luz solar que atinge a Terra, produzindo um efeito de resfriamento para compensar as mudanças climáticas causadas pelo homem.

Voo de teste está programado para junho deste ano

Após anos de estudo, a equipe decidiu usar carbonato de cálcio – giz, basicamente – como uma partícula bloqueadora de luz ideal. Ao contrário dos sulfatos, que podem levar à perda de ozônio, o carbonato de cálcio não é particularmente reativo. No entanto, como ele não existe naturalmente na estratosfera, seus padrões de comportamento são incertos.

O voo de teste, programado para sair da Suécia em junho deste ano, inclui o envio à atmosfera de um balão projetado para lançar pequenas quantidades de poeira calcária e observar seus efeitos. Esta primeira experiência, que deve custar cerca de 3 milhões de dólares, pretende fazer uma simulação do balão dirigível e dos instrumentos necessários para estudar as reações químicas na estratosfera. Ainda assim, para ser colocado em prática, o teste deve obter a aprovação de um conselho consultivo independente, decisão que deve ocorrer ainda este mês.

Segundo os cientistas responsáveis pelo estudo, a geoengenharia solar não substitui o corte das emissões de gases do efeito estufa, mas poderia amenizar os danos mais brutais do aquecimento global, como as ondas de calor extremas e tempestades que ceifam vidas atualmente.

Por que o ScoPEx é um projeto controverso?

Se tudo der certo, a equipe pretende enviar, diariamente, mais de 800 aviões para liberar milhões de toneladas de carbonato de cálcio a uma altura de cerca de 20 quilômetros acima da superfície da Terra, pulverizando as partículas pela estratosfera. Lá, a embalagem liberaria de 100 gramas a 2 quilos de carbonato de cálcio, uma poeira mineral comum, para cobrir uma área de cerca de 1 km de comprimento por 100 metros de diâmetro. O equipamento no balão mede então as mudanças no ar circundante, incluindo densidade do aerossol, química atmosférica e dispersão de luz.

De acordo com o site do projeto, o carbonato de cálcio tem “propriedades ópticas quase ideais”. Isso significa que, para uma determinada quantidade de luz solar refletida, ela absorveria muito menos radiação do que os aerossóis de sulfato e, portanto, causaria menos aquecimento estratosférico. Em teoria, a poeira liberada criaria um escudo para o sol, refletindo a luz solar e devolvendo calor ao espaço para atenuar os efeitos do aumento das temperaturas no planeta.

O carbonato de cálcio é encontrado na natureza como calcário e é um aditivo comum para produtos de consumo, como papel e pasta de dente. Uma vez que não existe naturalmente na estratosfera, porém, os cientistas não sabem realmente como ele reagiria lá; por isso, pesquisas e experimentos adicionais são necessários.

No entanto, projetos de geoengenharia de grande escala tendem a ser controversos, não apenas pelos possíveis impactos no meio ambiente e na humanidade, mas pelas questões éticas que levantam. Vozes contrárias ao projeto argumentam que bloquear a luz do sol com o uso de recursos tecnológicos pode implicar riscos desconhecidos – e potencialmente perigosos. Além disso, não é possível saber exatamente o que acontecerá se todo o carbonato de cálcio for liberado, uma vez que a reação na atmosfera pode ser diferente dos experimentos feitos em laboratório.

Muitos ainda se perguntam se esse tipo de projeto, que manipula artificialmente o equilíbrio natural dos recursos do planeta, seria, de fato, a solução ideal. Talvez a resposta para as mudanças climáticas esteja justamente em um esforço conjunto para que a humanidade viva de maneira mais sustentável, reduzindo nossa pegada de carbono com práticas mais responsáveis de produção, consumo e estilo de vida, em vez de simplesmente “tapar o sol com a peneira”.

Conheça mais sobre o projeto no vídeo abaixo (em inglês):



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