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Iguanas que caem de árvores nos EUA podem revelar reação inesperada da espécie às mudanças climáticas 

Imagem D Hilpert em Unsplash

Em plena véspera de Natal, os cidadãos da Flórida, nos Estados Unidos, enfrentaram mais uma dificuldade além dos toques de recolher relacionados à pandemia do novo coronavírus. No início da semana passada, o Serviço Meteorológico Nacional anunciou que aquele poderia ser o Natal mais frio do sul do estado em 21 anos – e isso logo acendeu um alerta na população. Afinal, a Flórida tem sido palco de um fenômeno curioso nos últimos tempos: uma “chuva” de iguanas paralisadas.

Desde 2018, casos de iguanas imóveis que despencam das árvores nos quintais (ou nas cabeças) de cidadãos da Flórida não têm sido incomuns quando as temperaturas caem, em uma reação inesperada desses animais ao frio extremo. Em outubro, pesquisadores da Universidade de Washington, em St. Louis, publicaram um estudo revelando que, nos últimos anos, várias espécies de lagartos tornaram-se mais tolerantes ao frio.

Particularmente para o sul da Flórida, onde os períodos de temperaturas baixas mantinham as populações da espécie sob controle, a descoberta preocupa. As iguanas são invasivas, se propagam rapidamente e causam estragos em casas, jardins, calçadas, barcos e em qualquer outro lugar possam comer e evacuar. Além disso, podem se tornar agressivas caso se sintam ameaçadas.

Apenas quatro anos atrás, a maioria das espécies mais comuns de lagartos do sul da Flórida podiam tolerar temperaturas entre 7 e 11 graus. Agora, elas se mantêm vivas em temperaturas abaixo de 6 graus, de acordo com o estudo. Isso significa que é possível que os iguanas consigam expandir seu território para além de suas áreas habituais, nos condados de Miami-Dade, Broward e Palm Beach.

Como o fenômeno acontece?

As iguanas caem das árvores durante as baixas temperaturas porque são tropicais e de sangue frio. Quando as temperaturas caem, elas ficam lentas e paralisam. Se estiverem dormindo nas árvores, acabam caindo no chão. A queda pode ser fatal, mas muitas vezes as iguanas sobrevivem e voltam ao normal quando são aquecidas.

As iguanas “congeladas” são capazes de permanecer imóveis por até dois dias. Após esse período, se não forem salvas por seres humanos ou se as temperaturas permanecerem muito baixas, elas possivelmente morrerão.

Para os pesquisadores, a maior tolerância ao frio que as iguanas têm apresentado pode ser ou uma evidência da seleção natural ou um ajuste fisiológico (um fenômeno chamado aclimatação), em que a exposição a temperaturas mais baixas muda a fisiologia do animal. No entanto, independentemente do mecanismo subjacente, o estudo fornece informações importantes para a compreensão dos impactos das mudanças climáticas.

O que as mudanças climáticas têm a ver com a chuva de iguanas?

Cientistas de todo mundo afirmam que as mudanças climáticas não só tendem a tornar as temperaturas mais altas – a tendência é que elas se tornem também mais caóticas. Eventos que levam o clima a extremos, tanto de calor como de frio, devem aumentar em frequência e magnitude. Por isso, é importante compreender os efeitos das alterações abruptas e radicais de temperatura no planeta.

James Stroud, biólogo e autor principal do estudo, acredita que as evidências apontam para um vislumbre de esperança no futuro. Infelizmente, não há dúvidas de que as mudanças climáticas representam uma grande ameaça às espécies e ecossistemas em todo o mundo. Mas o caso das iguanas revela que espécies tropicais e subtropicais podem ser capazes de resistir a condições climáticas mais extremas e, talvez, sobreviver a desastres futuros.

Em outras palavras, a descoberta lança luz sobre como algumas espécies podem responder a eventos climáticos extremos causados pelas mudanças climáticas provocadas pelo homem. Embora seja esperado que as mudanças climáticas incluam um aquecimento global gradual, os cientistas acreditam que eventos extremos, como ondas de calor, ondas de frio, secas e chuvas torrenciais também venham a aumentar em número e força com o tempo. No futuro, talvez os seres humanos não sobrevivam às mudanças climáticas. As iguanas, no entanto, podem ter uma chance.


Fontes: Science Daily, The Royal Society e Phys.org


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