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Projeto conta com participação de pesquisadores indígenas da UFRJ

Reprodução: Cacica Dorinha

Pesquisadores do Museu Nacional (MN) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) lançaram o site Os Brasis e suas Memórias, projeto que registra biografias de indígenas do país. Coordenado pelo professor João Pacheco de Oliveira, o trabalho conta com a participação de pesquisadores indígenas e não indígenas.

O site entra no ar com 70 biografias de homens e mulheres de diversas etnias. São histórias como a do líder ticuna Nino Fernandes, que lutava pela demarcação de terras e solução para problemas de educação e saúde para seu povo, no Amazonas. Sua história foi apresentada no evento por José Fernandes Mendonça, sobrinho do ativista e mestre em Linguística pelo Museu Nacional. Outros pesquisadores indígenas da UFRJ apresentaram biografias, que estão no site.

Pacheco afirmou que as histórias podem ajudar muitas pessoas a repensarem a imagem dos povos brasileiros. “O indígena é visto como coisa setorizada, pequena, resto”, afirma ele em entrevista para o portal da UFRJ. Segundo o professor, os povos originários detêm cerca de 18% do território nacional, fato que explica por que são perseguidos e vítimas de violência por meio de repressão cultural e expropriação.

“São consideradas populações perigosas”, ressalta, apontando o agronegócio como o modelo de desenvolvimento que tem visto indígenas como inimigos. “Hoje, dentro do nosso país, provavelmente um dos inimigos centrais são os indígenas e os quilombolas”, destaca.

“É um modelo de país em que não cabem indígenas, quilombolas, populações ribeirinhas”, concorda Leher. Segundo o reitor, o site contribuirá para a formação de professores indígenas e não indígenas. “Muitas vezes, crianças que vivem nas cidades conhecem povos indígenas de maneira muito deturpada, simplificadora, de forma desrespeitosa. Isso está presente em filmes, séries, novelas, noticiário”, criticou.

Confira a fala de Fen’nó, do povo Kaingang, no Paraná, para o cineasta Penna Filho, em 2000:

“Eu nasci no Chimbangue, aqui. E minha mãe foi me encontrar no mato, ela me trouxe no vestido. Tinha minhas vó e elas me cortaram o umbigo. Ainda elas disseram: ‘Vai ficar aqui!’ Às vezes nós vinha do pinhão assim, fazia uma sapecada no mato pra nós come. Pra nós tava bom, agora pra mim tá ruim. Agora pro índio tá ruim. Lá no peincâ eles iam, eu ia lavar roupa lá e eles ficavam nadando pra lá e pra cá, pegando pexinho. Nós lavava roupa e tomava banho no Irani. Naquele tempo, o peicâ era bem limpo. Agora hoje em dia tem umas sujeiras que não dá nem pra tomar. O branco sujou tudo, o branco ponhô lá o lixo lá em cima e agora a água tá virando um óleo. Vem tudo quanto é sujeira, porque o rico ele faz só sujeira, ele não faz capricho. Agora vem aqui esses carro, ali era mato. Agora o índio não tem com o quê fazer um balaio, tem que ir lá longe buscar taquara, tem que pedir pro colono. Tinha pinhão, tinha jaboticabal, tinha o penoá e o milho, aqui. Virou uma campina, agora plantam eucalipto pra dizer que tem madeirama. Eucalipto estraga toda a terra. Não é fácil! Ali perto do posto plantaram, naquele gramadão ali encheram de eucalipto plantado. Mas é pra ele, não é pro índio. Pra cortar um pedaço de madeira pra cortar pra fazer lenha eles não querem, tem que pedir pra eles.”



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