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Projeto resulta de parceria entre universidades de cinco países

Imagem editada e redimensionada de Eirik Solheim, está disponível no Unsplash

A Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) inaugurou, em seu Centro de Tecnologia, na Ilha do Fundão, o Centro de Treinamento LaWEEEda. A nova unidade faz parte do Projeto LaWEEEda – Rede Latino-Americana e Europeia para Desenvolvimento, Pesquisas e Análise em Resíduos de Equipamentos Eletrônicos, que tem quatro centros de treinamento – dois no Brasil (na UFRJ e na Universidade Estadual Paulista – Unesp) e dois na Nicarágua.

O projeto é financiado pelo Programa Erasmus+, da Comissão Europeia, e resulta de parceria entre universidades do Brasil, da Áustria, da Alemanha, do Reino Unido e da Nicarágua. Lançado no Brasil em outubro de 2016 pelo Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia (Coppe/UFRJ) e pela Unesp, o projeto tem duração de três anos, que se encerram em outubro, e conta com apoio de organizações brasileiras e nicaraguenses que atuam diretamente no mercado de resíduos de equipamentos eletroeletrônicos.

O LaWEEEda foi apresentado oficialmente na UFRJ em abril de 2017, pelo Laboratório de Sistemas Avançados de Gestão da Produção (Sage) da Coppe. Na ocasião, a professora Elen Beatriz Pacheco, do Instituto de Macromoléculas, assumiu a coordenação técnica do projeto, em substituição ao professor Rogério Valle, falecido no mês anterior.

Segundo a professora Elen, o principal objetivo do centro de treinamento é a capacitação de entidades, pessoas físicas, alunos e catadores no desmantelamento de resíduos eletroeletrônicos. “Porque tem toda uma tecnologia envolvida nesse processo, que tem de ser feito com todo cuidado”.

Desde março deste ano, foram realizados quatro cursos de capacitação para o descarte correto de materiais eletroeletrônicos. “Também vamos capacitar nossos alunos de graduação, pós-graduação, de iniciação científica, para chamar a atenção para esse assunto”. Além dos professores e alunos, também os funcionários da universidade estão engajados no projeto, disse a professora.

Dentro do projeto LaWEEEda, alunos da universidade fizeram coleta de lixo eletrônico, e o material recolhido – cerca de 400 quilos – irá para uma cooperativa parceira da universidade, credenciada para trabalhar com esse tipo de resíduo. Elen Pacheco explicou, porém, que o material que é patrimônio, ainda que esteja fora de uso, não pode ser coletado. Para isso, o material teria primeiro de passar por um processo de despatrimoniamento. Foi feita também exposição de robôs construídos a partir de resíduos eletroeletrônicos, no Centro de Tecnologia da UFRJ.

Números disponibilizados pela Coppe revelam que, anualmente, 43 milhões de toneladas desse tipo de resíduo são descartados no planeta, dos quais 3,9 milhões (9%) são produzidos na América Latina.

Novos caminhos

Também hoje foi realizado pela Coppe/UFRJ o seminário Conectando Novos Caminhos para REEE, no qual foram discutidos os avanços e casos bem-sucedidos de reciclagem e gestão de resíduos eletroeletrônicos. Entre os participantes do debate estavam o professor Stefan Salhofer, da Boku University, da Áustria, e Tião Santos, que liderou a Associação dos Catadores do Aterro Metropolitano de Jardim Gramacho.

O Centro de Treinamento do projeto LaWEEEda dará continuidade aos cursos de capacitação, que são gratuitos e abertos a pessoas de qualquer idade, para que aprendam a desmontar, reparar e gerir resíduos de equipamento eletroeletrônicos. A unidade pretende desenvolver também pesquisas relevantes para o setor. “Tem que fazer disso uma oportunidade social, em que nós podemos ter cooperativas trabalhando para ajudar no processo de reciclagem”, disse Elen.

A professora ressaltou que, em vez de pegar matérias-primas virgens, as pessoas estarão usando material pós-consumo e isso resultará em economia de recursos, de energia, com benefícios ao meio ambiente. “Todo mundo sai ganhando. Socialmente, ambientalmente, economicamente. Aquilo ali pode ser um meio de vida. Os alunos que saem da universidade podem montar um negócio que tenha alguma relação com essa reciclagem”, afirmou. Elen destacou que, com a crise econômica do Brasil, investir na reciclagem pode ser uma coisa boa, porque é uma oportunidade de trabalho e renda.



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