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A cana-de-açúcar é uma planta utilizada para produção de álcool e açúcar. Conheça seu impacto no mundo e no Brasil

A cana-de-açúcar é uma gramínea do gênero Saccharum cultivada em todo o mundo, porém originada em Nova Guiné. Ela é uma planta de clima tropical e é perene, o que significa que não precisa ser replantada todos os anos. Na produção de cana-de-açúcar, ela é cortada logo acima do nível da raiz. Assim novos brotos crescem e ficam prontos para serem colhidos novamente entre 10 a 12 meses.

A planta é utilizada para produzir açúcar, caldo de cana, bebidas alcoólicas, produtos medicinais e biocombustíveis. Alguns exemplos são o etanol e o biometanol,  tendo sido importante para o desenvolvimento da economia no País. No entanto, seu ciclo de produção teve como base o escravismo. Ele foi responsável por grande parte do desmatamento da Mata Atlântica e trouxe outras consequências socioambientais negativas para o Brasil.

Saiba mais sobre a cana-de-açúcar no Brasil e no resto do mundo, seus usos, impactos e benefícios:

Benefícios da cana-de-açúcar na alimentação

Apesar de servir como matéria-prima para diversos produtos, a cana-de-açúcar pode ser ingerida pura e é benéfica para a saúde. Ela é rica em vitaminas e minerais, sendo amplamente utilizada na Ayurveda e em tratamento de doenças, como inflamação e hemorragia.

Possui polifenóis benéficos para a saúde

Os polifenóis são compostos vegetais que fazem muito bem à saúde. Eles podem agir como antioxidantes, reduzir a inflamação e ajudar na prevenção de doenças. Um estudo mostrou que o melaço de cana-de-açúcar pode ser utilizado como fonte potencial de polifenóis.

Pode ajudar no colesterol

A cana-de-açúcar possui policosanóis, que estão presentes principalmente na cera. Um estudo feito com policosanóis administrados por via oral em coelhos constatou uma diminuição do nível de colesterol total e do colesterol LDL.

Pode prevenir a trombose

Em um estudo feito com camundongos, a ingestão de D-003, uma mistura natural de ácidos alifáticos da cera de cana-de-açúcar, diminuiu significativamente o tamanho do trombo venoso experimentalmente induzido.

Pode aliviar a insônia

O octacosanol é uma substância presente na cana-de-açúcar que tem função antioxidante e propriedades anti-inflamatórias e anti-coagulantes. Um estudo publicado na revista Scientific Reports examinou o efeito do octacosanol em ratos privados de sono por estresse. A conclusão é que a substância alivia o estresse e restaura o sono afetado por ele, podendo funcionar para aliviar a insônia.

Além disso, outra pesquisa constatou que o octacosanol pode ajudar a prevenir o Parkinson.

Origem da cana-de-açúcar

Presume-se que o hábito de mastigar cana-de-açúcar para obter seu sabor doce tenha começado ainda na pré-história. Porém, as primeiras indicações de sua domesticação começam mais tarde, por volta de 8.000 a.C. A planta se espalhou da região da Polinésia para o mundo e se tornou uma cultura global.

Por muito tempo, um dos derivados da cana, o açúcar, foi uma raridade luxuosa. Ele era consumido apenas pelas classes privilegiadas da Europa, que o utilizavam como especiaria e medicamento.

Entre 1455 e 1480, a planta começou a ser cultivada para produzir açúcar em grande escala e apenas no século 18 passou a ser um alimento trivial. Desde então, a modernização do cultivo se acelerou e, hoje, a cana-de-açúcar é cultivada em dezenas de países em milhões de hectares de terra.

História da cana-de-açúcar no Brasil

Durante o século 15, a cana-de-açúcar foi trazida para as Américas, chegando primeiro ao Brasil por meio dos comerciantes portugueses. O primeiro plantio foi um presente do governador das Ilhas Canárias para Cristóvão Colombo.

Durante aproximadamente 400 anos de colonização do continente americano a produção de açúcar foi a principal e mais rentável atividade agroindustrial. Havia milhares de engenhos espalhados pelas colônias portuguesas, inglesas, francesas, holandesas, espanholas e dinamarquesas que escravizavam milhões de pessoas, que passavam por uma jornada de completa submissão ao ritmo da produção, além de relações de trabalho marcadas pela violência.

O Brasil é conhecido por suas condições favoráveis para o cultivo da planta: 

  • Solo fértil
  • Temperaturas quentes
  • Relevos planos
  • Mão de obra indígena abundante

Assim, os canaviais começaram a ser implementados, inicialmente em porções litorâneas, e depois também no interior do País, concentrando-se sobretudo em áreas do Nordeste e Sudeste. Segundo o Instituto de Economia Agrícola, do Estado de São Paulo, uma das regiões de destaque na evolução da produção canavieira é o município de Ribeirão Preto.

A cana produzida para exportação era cultivada em monocultura, em grande escala e tinha o escravismo como base das relações sociais de produção. Os escravos, primeiramente indígenas e posteriormente africanos, cultivavam, cortavam e levavam a cana ao engenho. Lá, era moída e o caldo fervido até formar uma garapa para ser cristalizada e dar origem aos torrões exportados para a Europa.

Depois de oscilações da indústria açucareira brasileira, com a urbanização europeia e o crescimento populacional, em meados do século 20, os engenhos foram substituídos pelas usinas sucroalcooleiras.

De acordo com o Knoema, atlas mundial de dados, o Brasil ainda é o maior produtor de cana do mundo. Só em 2019, por exemplo, foram produzidas mais de 700 milhões de toneladas de cana-de-açúcar no Brasil. Dessa quantidade, originaram-se milhões de toneladas de açúcar e bilhões de litros de etanol.

Impactos ambientais na produção de cana-de-açúcar

As consequências socioambientais do ciclo produtivo do açúcar no Brasil foram diversas. A escravização e a aculturação provocaram modificações e até mesmo extinção das tradições culturais dos indígenas. Muitas vezes, por meio de violência, os povos originários eram expulsos das terras consideradas boas para o plantio da cana. Doenças europeias, como varíola e sarampo, infectaram os indígenas causando milhares de mortes.

A fauna e a flora também foram impactadas. Animais do domínio biótico euroasiático foram introduzidos no País modificando a fauna brasileira, tais como porcos, galinhas, ovelhas, cabras e bois. Os bois eram utilizados como força motriz para a moenda nos engenhos. Eram necessários aproximadamente 100 animais, com expectativa de vida que não passava de dois anos.

Para limpar o terreno para o plantio, a queimada era uma das práticas mais utilizadas. Em solos de floresta tropical, esse processo destruiu as micorrizas, associação entre fungos e raízes de algumas plantas. Elas são importantes para absorção de água e sais minerais.

Além disso, as técnicas e conhecimentos oriundos da Europa muitas vezes eram inadequados ao ambiente tropical. Dessa forma, a produção de derivados da cana causou modificações contínuas no território brasileiro. A retirada da cobertura vegetal foi um dos efeitos mais nítidos e atingiu primeiramente a Mata Atlântica.

Para os senhores de engenho, a Mata Atlântica era o local no qual obtinham a madeira necessária para as construções do engenho. Mas também para alimentar as fornalhas e onde encontravam os melhores solos para o cultivo da cana-de-açúcar.

Dados

De acordo com um levantamento e estimativa de Gelze Rodrigues e Jurandyr Ross, considerando a produção de 600 toneladas de biomassa por hectare, estima-se que nos períodos colonial e imperial o volume de biomassa eliminado devido ao plantio da cana-de-açúcar tenha sido entre 185.850.000 a 450.000.000 toneladas, sendo que grande parte foi queimada nas fornalhas dos engenhos.

O impacto na área é ainda maior ao se considerar que a biodiversidade dessa floresta dificilmente é recuperada após ação antrópica.

Desde o período colonial, as florestas da Mata Atlântica foram reduzidas a 7% de sua cobertura original. Tendo as áreas específicas apenas 1% da cobertura remanescente. Isso aconteceu devido à extração predatória do pau-brasil, a produção cafeeira, a extração de madeira e ao ciclo da cana-de-açúcar.

Usos da cana-de-açúcar

cana-de-açúcar
Imagem de PublicDomainPictures por Pixabay

Grande parte da cana-de-açúcar é destinada ao setor sucroalcooleiro – dedicado à produção de etanol e açúcar. Para processá-la, inicia-se com a moagem que faz escorrer o açúcar em estado líquido, também chamado de caldo de cana. Ao ferver este caldo, o excesso de água evapora se transformando em açúcar. Se ele for fermentado, vira álcool.

Da cana-de-açúcar também retiram a cera, que tem propriedades importantes na confecção de outros produtos para as indústrias alimentícia, farmacêutica, química, cosmética e de limpeza. Ela é extraída da torta de filtro, um resíduo da indústria de cana. Ele pode ser uma alternativa às ceras vegetais, animais e sintéticas.

Os resíduos de cana-de-açúcar também são utilizados para fins distintos. Comumente, a vinhaça, um resíduo que sobra depois da destilação do caldo de cana fermentado, é utilizada na área de cultivo como fertirrigação.

Entretanto, estudos já mostraram que esse uso traz efeitos negativos ao meio ambiente, causando contaminação de lençóis freáticos com potássio, e também: 

Por outro lado, outros estudos já reconhecem a possibilidade de utilizar os resíduos da cana-de-açúcar para a produção de biogás. A substância pode ser usada,  por exemplo, para cogeração de energia nas caldeiras da usina.


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