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Pesquisadora desenvolveu pólen artificial que contém todos os nutrientes necessários para a sobrevivência das abelhas

O pólen artificial permite a alimentação das abelhas em épocas de escassez de pólen. No período conhecido como entressafra, a sobrevivência desses pequenos animais pode ser ameaçada pela falta de nutrientes, comprometendo o desenvolvimento e a reprodução das colônias. Esse cenário favorece o aparecimento de doenças e diminui o tempo de vida das abelhas, que são essenciais para o equilíbrio ecológico do planeta. Por isso, o pólen artificial (que pode ter como base uma alimentação energética ou uma fonte de proteína) é uma estratégia acessível e eficaz para reduzir os danos da perda de colônias, garantindo sua sustentabilidade.

No Brasil, já existem algumas alternativas de alimentação artificial: xarope, candi (uma pasta de mel e açúcar) e um alimento à base de soja, composto por saburá (pólen fermentado), extrato de soja, açúcar e água. Esse alimento à base de soja foi desenvolvido por ter alto valor proteico, ser semelhante ao pólen e ser economicamente mais acessível do que o mel de apis (o pólen da espécie Apis melliferas), que geralmente é usado como substituto na alimentação de abelhas sem ferrão.

Os alimentos artificiais oferecidos às abelhas têm dado tão certo que pesquisadores e apicultores no mundo todo já procuram novas – e cada vez melhores – alternativas para garantir que eles tenham todos os nutrientes de que os animais precisam. A professora Geraldine Wright, bióloga da Universidade de Oxford, passou a última década projetando um pólen artificial totalmente nutritivo para as abelhas, que mantivesse todas as qualidades do pólen.

É preciso oferecer um pólen artificial de qualidade

As abelhas domesticadas enfrentam problemas semelhantes aos de qualquer animal de criação, como doenças. Mas, para piorar, elas ainda sofrem com o uso de pesticidas, as mudanças climáticas e a perda de habitat. Mais de um quinto das colônias foram perdidas durante o inverno de 2019-2020, no Reino Unido, devido a uma variedade de fatores, incluindo patógenos, pesticidas e má nutrição.

Na natureza, as abelhas coletam o néctar, que é transformado em mel e pólen. Estes, por sua vez, são convertidos em alimento para elas, composto de uma mistura de pólen vegetal e mel, que pode ser armazenado na colmeia para uso posterior. No entanto, com a diminuição da forragem natural disponível, os apicultores tentam manter suas colônias usando alimentos que dependem menos da paisagem. Os apicultores podem usar um substituto do pólen, tentar encontrar alguma outra forragem natural para suas abelhas ou comprar pólen coletado no exterior – o que pode ser vetor de doenças.

Como polinizadores, as abelhas são fundamentais para os sistemas alimentares e são consideradas uma espécie domesticada. Por isso é tão importante oferecer a elas um alimento de qualidade, na falta do pólen natural. Em seu laboratório de pesquisa, Wright cria milhares de abelhas operárias de maio a setembro. Quatro grandes incubadoras contêm, cada uma, cem caixas com condições padronizadas.

Em cada caixa, 40 abelhas operárias da mesma idade recebem diferentes combinações de gordura e proteína para se alimentar. Os alimentos são medidos regularmente para monitorar as escolhas preferidas de cada tipo de abelha. Depois, a professora avalia quanto tempo os animais sobrevivem para calcular as combinações ideais de nutrientes e aprimorar sua receita de pólen artificial.

Enquanto as abelhas operárias preferem os carboidratos para facilitar o voo, as abelhas nutrizes precisam de mais gordura e proteína para fabricar a geleia real e alimentar as larvas. Segundo Wright, as abelhas podem ficar muito desequilibradas quando sua dieta muda; então, ela também está estudando minicolônias de abelhas dentro de uma estufa fechada para avaliar como diferentes alimentos afetam a produção de cria.

Além do pólen artificial para alimentar as abelhas, a equipe de Wright está desenvolvendo um substituto do mel. Segundo ela, o mel é uma cultura valiosa, especialmente no Reino Unido e na Europa. O problema é que, quando os apicultores tiram o mel das abelhas no verão para vender, as abelhas precisam receber uma fonte adicional de alimento açucarado. Além disso, quando o produto é colhido, os apicultores acabam removendo um recurso nutricional da colmeia, uma vez que o mel é fonte de nutrientes para as abelhas.

Wright e sua equipe pretendem comercializar, em breve, o pólen artificial para apicultores de todo o mundo. Embora os agricultores em algumas regiões possam ter pólen em abundância, os mercados potenciais incluem a Austrália e áreas que cultivam cranberries e blueberries na América do Norte.


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