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Popularidade de vídeos fofos na internet está associada a traço evolutivo da espécie humana, diz pesquisador

Vídeos fofinhos, memes, joguinhos, trolagens e clickbaits são alguns dos temas sobre os quais o pesquisador de mídia Andreas Ervik se debruçou para elaborar sua tese de doutorado, apresentada ao Departamento de Mídia e Comunicação da Universidade de Oslo, na Noruega. Segundo ele, os novos “vícios” da internet que muitas vezes deviam a nossa atenção de atividades importantes são – pasmem! – resultado da evolução.

Ao estudar o fenômeno, Ervik descobriu que brincadeira, estupidez, fofura e humor são quatro fatores tão importantes para a evolução quanto a sobrevivência do mais apto. Sim, é isso mesmo: de acordo com o pesquisador, os vídeos fofos de gatos e cachorros têm, para a biologia evolutiva, a mesma relevância da seleção natural de Darwin.

Na tese, ele relaciona o desenvolvimento desses quatro fatores a processos sociais semelhantes na vida real, fora dos ambientes digitais, e também nos reinos animal e vegetal. Para os mamíferos – incluindo os seres humanos –, a graça e a beleza desempenharam um papel importante na evolução. Ervik aponta que a “fofura” evoluiu acompanhando o foco no cuidado e em um comportamento não agressivo e empático. Por isso, ela tem sido essencial para a socialização e para a capacidade humana de cuidar do outro, especificamente de bebês e crianças. Com o tempo, acabamos transferindo a atração pela fofura para outras espécies, como gatos e cachorros.

Gatos ou cachorros?

Por pelo menos uma década, a mídia noticiou que “os vídeos de gatos conquistaram a internet”. No entanto, embora os felinos sejam bastante queridos nas redes sociais, Ervik é enfático ao afirmar a predominância dos cães sobre os gatos quando se fala em popularidade na internet. Boo, o cão mais popular do mundo, por exemplo, é maior em alcance e atenção do que o gato mais popular, Lil Bub.

Para sua tese, o pesquisador estudou os números que esses dois famosos pets, conhecidos como “o cachorro mais fofo do mundo” e “o gato mais incrível do planeta”, ostentam na internet. Ambos faleceram em 2019, mas ainda contam com 16 milhões e 3 milhões de seguidores no Facebook, respectivamente, bem como uma infinidade de fãs no Instagram e no YouTube. Os dois casos de sucesso revelam como nós, seres humanos, adoramos ver animaizinhos peludos fazendo coisas engraçadas ou surpreendentes.

Ervik explica que passamos muito tempo assistindo aos vídeos de Boo, Lil Bub e outros animais porque a fofura se tornou importante para nós. Essa fofura que tanto nos atrai está na aparência, como os grandes olhos e as pequenas patas dos bichinhos, mas também no comportamento desajeitado e na necessidade de cuidado que eles transmitem.

Por exemplo, Lil Bub é um gatinho anão de aparência incomum, causada por uma doença muscular e outras deformidades. Ao ar livre, o animal não teria sobrevivido, porque precisava de cuidados específicos do dono, como ajuda para urinar e remédios diários. Ervik argumenta que a razão pela qual Lil Bub se tornou o gato mais popular do mundo é, justamente, a evolução. Segundo ele, ao longo do tempo, os seres humanos desenvolveram uma empatia sem limites, sem a qual o sucesso evolutivo da espécie não teria sido possível.

Fotos de animais fofos

Compartilhar fotos e vídeos de cachorros ou gatos nas redes sociais pode ser uma forma de expressar algo sobre você. Para o pesquisador, esse ato representa apresentar ao mundo versões fofas de nós mesmos, gerando identificação com os outros a partir de hábitos engraçados e fofos típicos dos animais.

Os cães, por exemplo, são extrovertidos, desajeitados, se metem em problemas e fazem coisas bobas. Já os gatos são mais introvertidos, descontraídos e um pouco mais observadores. Ao nos expressarmos por meio dos animais, vamos além das especificidades dos seres humanos – como idade, gênero e etnia. O cãozinho Boo, por exemplo, está mais preocupado em comer e dormir: duas coisas com as quais qualquer pessoa pode se identificar.

Distração ou produtividade: quem ganha a batalha?

Grande parte do debate e da pesquisa sobre as novas mídias digitais diz respeito ao desperdício de tempo e de atenção em coisas “inúteis”. Atualmente, os pesquisadores de mídia estudam a desintoxicação digital ou especulam quem seriam os maiores ladrões de atenção entre a abundância de fake news espalhadas pelas redes sociais. Mas Ervik procurava uma abordagem diferente para sua tese.

Para ele, os seres humanos, fundamentalmente, permitem as distrações porque nossos cérebros evoluíram para isso. É natural. Ele diz que se concentrar e focar no trabalho por períodos muito longos é uma forma “estranha” de utilizar o cérebro, de modo que ele naturalmente procura por atividades mais leves de tempos em tempos.

Ervik acredita que as distrações da internet – os memes, os clickbaits, os vídeos de cachorros – não são responsáveis pela queda da produtividade, mas uma indicação de como nosso cérebro realmente funciona. O importante, afinal de contas, é encontrar um equilíbrio. O fato é que você não precisa se sentir culpado por passar uma ou duas horas do dia vidrado em vídeos fofos na internet: a culpa é da evolução.


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