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Sistemas agrícolas tradicionais construídos de madeira, chinampas são feitos por povos mesoamericanos em áreas alagadas desde o império asteca

Os chinampas são sistemas agrícolas tradicionais construídos por povos mesoamericanos em áreas alagadas. O termo “chinampas” vem do náhuatl, onde “chinamitl” significa “muro ou cerca de juncos” e “apam” se refere a “terreno plano”. Esses sistemas também são conhecidos como canteiros elevados, flutuantes ou ilhas artificiais, e são feitos de madeira.

Para o que serve

Essa tecnologia indígena é tanto sustentável quanto altamente produtiva. Ela foi capaz de alimentar a maioria da população sob o domínio asteca antes da chegada dos colonizadores espanhóis.

Víctor Toledo e Narciso Barrera-Bassols escreveram o livro “A Memória Biocultural”, que embasou este artigo. Nele, os autores defendem que os chinampas são uma solução impressionante e eficiente para enfrentar condições climáticas adversas na Mesoamérica.

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Localização

As principais chinampas foram desenvolvidas desde 500 AP, no período pré-Clássico, até 1.600 AP, no período pós-Clássico. Eles ficavam localizados principalmente nas bacias de Tlaxcala, Puebla, Teotihuacán, Tenochchtitlán, Toluca, Cuitzeo, Pátzcuaro e Chapala, atual região do México.

Embora a maioria tenha desaparecido, ainda é possível encontrar os últimos fragmentos desse tipo de agricultura no sul da Cidade do México.

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Chinampa. Imagem de KinEnriquez no Pixabay

Como são construídos

A construção dos chinampas é um processo que demanda grande quantidade de mão de obra e energia, conforme apontam os estudiosos do tema. Essas estruturas de agricultura hidráulica elevadas são projetadas para aproveitar a drenagem da água de corpos hídricos nos quais são instaladas.

O procedimento para instalar um chinampa é meticuloso. Inicialmente, é feita a medição da profundidade do fundo do lago utilizando um pedaço de madeira. Em seguida, vigas são utilizadas para erguer cercas e valas feitas de ramos e juncos entrelaçados, compostos por vegetação monocotiledônea.

No local, são sobrepostas camadas de 30 cm a 60 cm de rochas basálticas, lama, grama, solo e vegetação. Essa combinação permite o crescimento das raízes sem que o solo se fragmente, criando condições propícias para o desenvolvimento das plantas. A técnica é tão eficaz que possibilita a transformação de pântanos antes improdutivos em áreas agricultáveis com altos índices de produção.

A habilidade de construir e utilizar os chinampas, mostrou-se crucial para os povos mesoamericanos enfrentarem as adversidades das áreas alagadas. Através desse método engenhoso, eles foram capazes de maximizar a produção de alimentos, fornecendo sustento para a população em períodos históricos como o domínio asteca pré-colonial.

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Chinampas versus estufas de plástico

Há uma forte tendência de substituição das chinampas por estufas de plástico para a produção de flores, o que gera impactos negativos na paisagem, meio ambiente e cultura.

Um estudo comparou a sustentabilidade ambiental e socioeconômica dos chinampas e das estufas de plástico. Ele concluiu que, embora as estufas sejam mais lucrativas, a contribuição dos chinampas para os serviços ecossistêmicos não pode ser desprezada.

O método de estufas prejudica o solo e a biodiversidade, pois remove a cobertura de árvores. Além disso, esse tipo de agricultura requer o uso de agrotóxicos e depende muito de recursos externos, o que danifica o meio ambiente e pode ameaçar a segurança alimentar.

Os chinampas, por outro lado, são estruturas que preservam a fertilidade do solo. Isso porque eles acumulam camadas sucessivas de diversos materiais naturais, permitindo a penetração de água e facilitando a decomposição de matéria orgânica.

Hoje, os chinampas são cultivados para horticultura comercial a fim de permanecer uma opção técnica e economicamente viável para os agricultores locais. No entanto, mecanismos de compensação ambiental ou de pagamentos por serviços ambientais são necessários para que essa técnica indígena seja mantida.


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