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Ciclo circadiano fica prejudicado com exposição prolongada à luz artificial

Imagem editada e redimensionada de Christopher Jolly, está disponível no Unsplash

“A sociedade atual é muito exposta à iluminação elétrica artificial em adição ao ciclo de luz natural e isso tem impacto na duração e na qualidade do sono e, consequentemente, na saúde e no bem-estar. Restrições ao sono têm sido associadas a problemas como obesidade e diabetes do tipo 2, entre outros”, disse Claudia Roberta de Castro Moreno, da Faculdade de Saúde Pública (FSP) da Universidade de São Paulo (USP).

Um estudo foi realizado por pesquisadores de Brasil, Reino Unido e Suécia, que comparou padrões de sono de uma população da Amazônia brasileira entre pessoas que têm energia elétrica em casa – e são expostos à luz artificial à noite – e indivíduos que não tem acesso à eletricidade. Diferenças no ciclo diário do sono e na produção de melatonina foram constatados.

A pesquisa foi feita com cerca de 700 seringueiros residentes da Reserva Extrativista Chico Mendes, no município de Xapuri, Acre, que possuíam não só hábitos semelhantes, mas como origem étnica homogênea – a maioria era descendente de nordestinos e vivia ali há gerações. Houve parceria com a Universidade Federal do Acre (UFAC), com a Universidade Federal do Paraná (UFPR), com a Universidade Católica de Santos (Unisantos), com a University of Surrey, na Inglaterra, com a Stockholm University, na Suécia, e com a Universidade de São Paulo (USP).

Segundo a pesquisadora responsável, os seringueiros acordam muito cedo, às 4h da manhã, e vão trabalhar no seringal, regressando à tarde e adormecendo ao anoitecer por não terem energia elétrica em casa, expostos a uma alternância de 12 horas no claro e outras 12 horas no escuro.

O estudo

Foi realizado em duas fases. A primeira teve apenas entrevistas com os trabalhadores, em que os pesquisadores coletaram dados demográficos e de estilo de vida e informações sobre o sono de cada um. De acordo com as respostas, na segunda fase, foram separados três grupos com 20 trabalhadores cada, conforme os horários e ambientes de trabalho: operários que trabalham somente durante o dia, somente à noite e seringueiros que trabalham tanto de dia quanto à noite.

Os grupos foram monitorados ao longo de 15 dias e informações foram coletadas em relação aos padrões de sono e ao período em que estão acordados por meio de actímetros – monitores portáteis de atividade física. Também foram coletadas amostras salivares para análise dos níveis de melatonina (hormônio produzido durante a noite que regula o sono).

Os pesquisadores observaram um atraso significativo no tempo de aparecimento da melatonina em trabalhadores com luz elétrica em comparação com o outro grupo e constataram que os seringueiros com luz elétrica em casa dormem 30 minutos a menos por dia do que os que não têm eletricidade, o que equivale a uma perda de 2,5 horas de sono por semana, fazendo com que, aos finais de semana, os trabalhadores com iluminação elétrica durmam mais.

“A sociedade moderna promove um estilo de vida que trabalha contra o alinhamento circadiano, com o aumento da exposição à luz artificial e uso de equipamentos eletrônicos. O estudo contribuiu para ampliar o entendimento sobre o equilíbrio desejado entre a exposição à luz artificial e à natural e sua influência na saúde das pessoas”, explicou a pesquisadora responsável pelo estudo da Universidade de São Paulo (USP).

Agora, como próximo passo, os pesquisadores planejam estudar o padrão alimentar dos trabalhadores da região, que fazem uma refeição robusta às 5h da manhã, no início da jornada de trabalho.




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