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Pesquisa coordenada pelo doutor em Ciências Biológicas do Inpa, Marcos Gonçalves Ferreira, conta com apoio da Fapeam

O estudo “Recursos tróficos obtidos por abelhas sem ferrão (Hymenoptera, Apidae, Meliponini) na Amazônia Central” deve beneficiar a criação de abelhas sem ferrão no Amazonas e contribuir com a economia e sustentabilidade na região. A pesquisa é coordenada pelo doutor em Ciências Biológicas do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), Marcos Gonçalves Ferreira, juntamente com a responsável institucional, Dra. Maria Lucia Absy. O recurso trófico refere-se basicamente à dieta da abelha.

A pesquisa conta com recursos do Governo do Amazonas via Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam), por meio do Programa de Apoio à Fixação de Doutores no Amazonas (Fixam-AM). A previsão é que o estudo seja finalizado no primeiro semestre de 2018.

Segundo o coordenador, a pesquisa se caracteriza por beneficiar a criação de abelhas sem ferrão, explorando um conhecimento que pode ser aplicado de forma prática pelos criadores na manutenção dos recursos que são essenciais para as espécies de abelhas criadas. Além de questões relacionadas à sustentabilidade, o estudo poderá também auxiliar qualquer pessoa que deseja criar abelhas e, por meio da atividade, adquirir renda.

“O trabalho se apoia na importância da meliponicultura – criação artesanal de abelhas – e por se tratar de uma atividade apoiada no tripé da sustentabilidade, é considerada “ecologicamente correta”, pois possibilita a preservação das espécies de abelhas bem como a flora que deve ser mantida para sua criação. Também pode ser considerada “socialmente justa”, porque qualquer pessoa, considerando a simplicidade do manejo, pode criar abelha em pequenos espaços desde que haja uma flora que a beneficie. E por fim, “economicamente viável”, pois agrega renda a partir dos seus produtos e subprodutos, que podem ser comercializados”, disse Marcos.

De acordo com o pesquisador, os meliponíneos constituem um grupo de abelhas que, evolutivamente, possui o ferrão atrofiado, diferentemente das abelhas com ferrão, do gênero Apis, que também pertencem à família Apidae. O grupo de abelhas sem ferrão mantém uma forte relação com as plantas com flores, desenvolvendo diversos mecanismos de coleta, transporte e armazenamento do mel e do pólen em suas colônias.

“Em contrapartida, as plantas desenvolveram estratégias para usar as frequentes visitas das abelhas nas flores em beneficio da polinização, favorecendo os mecanismos de adaptação e seleção natural das plantas, através da variabilidade genética. Recentemente, o conhecimento das plantas visitadas por abelhas tem sido obtido através dos estudos das características morfológicas do grão de pólen por intermédio da palinologia, uma área da botânica que consiste em estudar os grãos de pólen e suas aplicações”, explicou Ferreira.

A partir do conhecimento da importância da vegetação na produção de mel e pólen de abelhas, que são criadas na meliponicultura na região de Manaus, o estudo tem a finalidade de conhecer e divulgar aos criadores os grupos de plantas que constituem a pastagem meliponícola para espécies de abelhas sem ferrão criadas na região.

O grupo de pesquisa já realizou todas as coletas do pólen diretamente nos potes de armazenamento e irá verificar a vegetação fornecedora de recursos em dois diferentes períodos: seco e chuvoso. As amostras já foram processadas quimicamente no laboratório de palinologia do Inpa e estão sendo identificadas junto da palinoteca de referência do instituto.

Conforme o pesquisador, para o projeto foram selecionadas seis espécies de abelhas sem ferrão (Melipona seminigra merrillae, Melipona interrupta, Frieseomellita varia, Frieseomellita sp. Plebeia sp. e Leurotrigona sp.). As abelhas foram acondicionadas em caixas padronizadas e mantidas no Meliponário Sucupira, situado na Zona Leste de Manaus. Marcos conta que alguns dos resultados adquiridos no estudo já foram compartilhados com a academia e publicados em revistas científicas.

“Resultados parciais das espécies botânicas coletadas por duas espécies mais criadas como Melipona seminigra merrillae, Melipona interrupta, conhecidas popularmente como Uruçú boca-de-renda e Jupará respectivamente, já foram compartilhados através de palestras, junto a Associação dos Criadores de Abelhas do Estado do Amazonas (Acam), bem como minicurso sobre recursos tróficos coletados por abelhas, junto a Universidade Nilton Lins e palestra sobre “Palinologia Aplicada a Meliponicultura” no Ifam para o curso de Agroecologia”, contou o doutor.

Atualmente o projeto se encontra em fase de identificação, análise dos dados e aplicação estatística sobre diversidade dos recursos tróficos coletados, bem como sobreposição desses recursos em criação contendo várias espécies diferentes de abelhas. De acordo com o pesquisador, toda a parte prática envolvendo coletas do pólen e levantamento botânico de plantas do local já foram realizados e, parte dos dados já está pronto para ser analisado. A pesquisa se encontra na fase final.

Legado da pesquisa

O estudo favorece o conhecimento do nicho trófico de seis espécies de abelhas nativas sem ferrão que são encontradas naturalmente na Amazônia brasileira. Tal conhecimento se faz necessário, já que as espécies abordadas na pesquisa são amplamente difundidas na criação regional.

“Além disso, propõem-se com esse estudo relacionar as espécies de abelhas com a flora utilizadas e a possibilidade de inferências quanto ao potencial polinizador dessas abelhas. Nesse sentido, plantas que são visitadas e que também são utilizadas na alimentação humana, podem assim, se beneficiar com o sucesso polinizador, quando a criação está associada a sistemas agroflorestais”, enfatizou o pesquisador.

A pesquisa poderá funcionar também com uma ferramenta de identificação polínica em trabalhos posteriores, funcionando como catálogos de fotos dos grãos de pólen que são utilizados por essas abelhas, favorecendo também a aplicação desses estudos em outras localidades, por meio de outras espécies de abelhas, com potencial econômico e ecológico.


Fonte: Fapeam

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