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Relatório da Organização Meteorológica Mundial afirma que impacto humano em desastres climáticos individuais é cada vez mais detectável; quinquênio 2011-2015 foi o mais quente

Os cientistas do clima sempre hesitam em atribuir eventos extremos individuais à tendência de aquecimento do planeta. Em 9 de novembro, a Organização Meteorológica Mundial (OMM) tomou a dianteira. O órgão das Nações Unidas afirmou, num novo relatório, que mais de metade de um total de 79 eventos extremos registrados no mundo entre 2011 e 2015 foi parcialmente causada pelas mudanças climáticas ou teve seu risco aumentado por elas.

O relatório O Clima Global em 2011-2015, foi lançado durante a COP22, a conferência do clima de Marraquexe, no Marrocos. Ele afirma que os últimos cinco anos foram os mais quentes já registrados desde o início das medições com termômetros, em 1880. As temperaturas no quinquênio foram 0,57°C mais altas do que a média entre 1961 e 1990. O ano mais quente foi 2015 (que está no caminho de ser desbancado por 2016), seguido por 2014.

O documento da OMM fez uma revisão de eventos extremos ao redor do mundo compilados pelo Boletim da Sociedade Americana de Meteorologia. Foi um quinquênio difícil de bater: viu-se desde recordes de derretimento do gelo marinho no Ártico até uma fome decorrente de seca que matou 250 mil pessoas no Chifre da África, passando pelo tufão mais violento já registrado, o Haiyan, o furacão Sandy, que alagou Nova Iorque, ondas de calor na Austrália e na Argentina e enchentes no Sudeste da Ásia.

Esses eventos passaram pelo que os cientistas chamam de estudo de “fingerprinting”, ou detecção e atribuição, algo que é cada vez mais frequente na literatura científica – à medida que os extremos também ficam mais frequentes. Estudos desse tipo analisam a probabilidade de ocorrência de um determinado extremo na ausência de mudança climática, e tentam inferir o tamanho da “impressão digital” do aquecimento global antropogênico nele.

As pesquisas concluíram que o aquecimento da Terra causou diretamente ou aumentou significativamente a chance de extremos de temperatura – em alguns casos, ondas de calor ficaram até dez vezes mais prováveis do que seriam na ausência dele. Já para extremos de precipitação (secas e enchentes), a tendência é menos clara e, em alguns casos, inconclusiva.

Três extremos foram analisados no Brasil: a seca de 2013-2014 que causou a crise hídrica paulista, a estiagem na Amazônia em 2014 e 2015 e as enxurradas da Serra Fluminense em 2011, que mataram 900 pessoas e fizeram o governo criar um centro de monitoramento de desastres naturais, o Cemaden.

Para a seca paulista, a análise foi inconclusiva. “A chuva durante o evento não foi extraordinária (…), mas os impactos foram exacerbados por um aumento substantivo na demanda por água, devido sobretudo ao crescimento da população”, afirma o relatório.

Já a seca na Amazônia entre 2014 e 2015, que aumentou o número de incêndios florestais, causou preocupação nos autores do relatório. “Embora não possa ser dito com confiança que é parte de uma tendência de longo prazo”, afirma o relatório, o evento é um alerta “para potenciais ‘pontos de virada’ no sistema climático.”


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