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eCycle entrevista Jorge Wilheim, um dos maiores urbanistas brasileiros, acerca de problemas da capital paulista

Jorge Wilheim é um dos urbanistas mais renomados do Brasil. Além de ter participado do projeto de diversas obras arquitetônicas, como Parque do Anhembi e Hospital Albert Einstein, foi secretário municipal de Planejamento de São Paulo por duas vezes e também de Planejamento e Meio Ambiente do Estado de São Paulo.

Quando o assunto é cidade, Wilheim sempre tem muito a dizer. Poluição atmosférica, transporte público e planejamento urbano foram os principais temas abordados pelo urbanista, autor de dez livros sobre a vida urbana de São Paulo, nesta entrevista para o portal eCycle. Confira abaixo:

eCycle – O senhor afirma que a poluição de São Paulo não é causada devido ao excesso de monóxido de carbono (CO) ou de dióxido de carbono (CO2). Por que?

Jorge Wilheim – O monóxido e o dióxido de carbono eram grandes problemas, mas com a introdução da cana-de-açúcar como matéria-prima para fabricação do álcool combustível, a quantidade diminuiu muito por aqui, já que o álcool queima menos carbono. E temos a vantagem que essa tecnologia está sendo seguida no mundo inteiro. Com relação aos americanos, por exemplo, estão adiantados 30 anos na fabricação de álcool combustível.

eCycle – Mas então o que causa a poluição em São Paulo?

Jorge Wilheim – O ar não é puro. Muito se deve ao diesel de qualidade ruim que temos no Brasil. A tendência é que a qualidade melhore, mas só em alguns anos. O principal fator de poluição são os particulados, ou seja, a poeira. Existem sete milhões de veículos circulando todo dia na cidade e eles levantam muita poeira. Sem contar que existe a poluição sonora e visual, entre outras.

eCycle – E no que as administrações da cidade falham para dar passos adiante nessa questão?

Jorge Wilheim – No essencial. Estamos com um enorme atraso no transporte público da cidade. Em cidades como Nova York e Paris é impensável alguém ir ao trabalho de carro. Para se ter uma ideia, os metrôs de São Paulo e da Cidade do México (México) foram inaugurados no mesmo ano, em 1968. De lá para cá, os mexicanos construíram 220 km em linhas na cidade. Nós só fizemos 60. Ou seja, fizemos um terço do que poderíamos ter feito. Para chegarmos perto do número de 220 km, precisaríamos de, no mínimo, mais 15 anos.

eCycle – É factível pensarmos em um desenvolvimento sustentável quando muitas pessoas ainda não se deram conta do problema da sustentabilidade?

Jorge Wilheim – É factível porque nós avançamos muito nas últimas décadas. É preciso termos mais exemplos, campanhas, políticas públicas que valorizem o espaço coletivo. Existem condomínios fechados. Para mim eles são uma bofetada na cara da sociedade. Temos que parar com essa ideia de que tudo o que é público é ruim. As pessoas constroem muros e se isolam achando que não participam do restante da vida social, mas não é assim. A valorização da coisa pública depende de atitudes de governantes. Acho que é possível melhorarmos mais.

Para mais informações sobre o entrevistado, acesse o site da Jorge Wilheim Consultores Associados.


Imagem: German Lorca

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