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Diretor-presidente do Instituto Akatu discursou sobre a sociedade de consumo e a necessidade de mudá-la, durante Conferência Internacional Ethos 2012

Muitas vozes na sociedade se levantam para dizer que o consumo e a lógica atual de produção não podem continuar como estão, sob a pena de caminharmos rumo à extinção do planeta. Uma delas é a de Hélio Mattar, doutor em Engenharia Industrial pela Universidade de Stanford (EUA) e co-fundador e diretor-presidente do Instituto Akatu pelo Consumo Consciente. Foi ele o palestrante convidado para o painel “Estabelecimento de padrões de produção e consumo sustentável”, no último dia da Conferência Internacional Ethos 2012.

Hélio iniciou sua fala citando a ex-enfermeira, Brownie Ware, que escreveu o livro The Top Five Regrets of the Dying – A Life Transformed by the Dearly Departing (Os Cinco Maiores Arrependimentos à Beira da Morte, em tradução livre), em que a autora revela quais sãos os principais arrependimentos de pessoas que estão com a vida por um fio. Muitos deles estão ligados ao consumo e ao que os indivíduos deixaram de valorizar para conseguir bens materiais.

De acordo com Mattar, o conceito de “sonho de consumo” teve início após a Segunda Guerra Mundial e se alastrou por todos os países e classes sociais. Ele citou Pierre Bourdieu para afirmar que as pessoas não buscam apenas os benefícios que o produto trará, mas o reconhecimento que obtêm por efetuarem a compra de determinado objeto ou serviço. “Não há pior carência que a dos perdedores na luta simbólica por reconhecimento”, lembrou.

“O consumo é uma forma de reconhecimento social, atribuída de maneira não convencional”, afirmou Mattar, ao comentar o fato de que, em uma pesquisa, 66% dos entrevistados que consumiam de maneira mais consciente afirmavam que se expressavam pelo consumo.

Consumo e felicidade

No entanto, o simples ato de consumir produtos mais caros e valiosos socialmente não aumenta a felicidade na mesma proporção. “A renda per capita cresceu muito nos Estados Unidos e no Japão no pós-guerra, mas o nível de felicidade se mantém. Isso se explica porque estamos numa sociedade em que se vive para consumir, para trabalhar, e em que todos estão sempre atrasados, entrando no cheque especial para parecerem importantes por meio do consumo”, explicou Mattar.

De acordo com o palestrante, a sociedade do consumo é a sociedade da falta, da insatisfação permanente, pois além da obsolescência programada, há novas funcionalidades em diversos produtos que não são necessárias, mas que são “inventadas” a cada dia que passa, para atrair consumidores. O resultado disso é o consumismo, que traz sérios problemas sociais e ambientais. “16% da humanidade é responsável por 78% do consumo. Isso causa violência, sem contar que 150 milhões estão entrando na classe média. Em 20 anos, precisaríamos de três planetas para dar conta da demanda de todos”, afirmou o palestrante.

Alternativas

Mattar acredita que o avanço tecnológico não vai bastar para reverter o processo. “Vai ser preciso mudar a sociedade de consumo e a produção antes que seja tarde demais”, alertou. Mesmo as políticas públicas foram alvo do diretor-presidente do Akatu. “Sou muito crítico a elas porque é preciso mudar a coalizão dentro da sociedade. Mantendo-se o que há hoje é difícil”, disse.

O Instituto Akatu elaborou o Decálogo do Consumo Consciente, citado por Mattar na palestra, e que segue a linha de tentar mudar as relações entre os que agem na sociedade. Acesse aqui.

Por fim, Mattar defendeu a redução da jornada de trabalho como um modo de distribuir renda e manter o crescimento econômico. A criação de um fundo para publicidade sustentável, a educação para os jovens e o investimento na área foram outras bandeiras que o engenheiro ressaltou, criticando a falta delas na Rio+20.

“Se a humanidade não é suicida, creio que ela vai olhar para esse consumismo desvairado”, finalizou.

Imagem: www.akatu.org.br

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