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Pesquisa aponta a ciência como agente capaz de reduzir a poluição atmosférica

Um estudo feito por pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) e publicado na revista Nature Reviews Cancer em forma de artigo, comprova, por meio de mapas, que a baixa produção científica sobre o tema poluição atmosférica está diretamente relacionada ao aumento do nível de poluentes, ou seja, os países que apresentam os piores índices de qualidade do ar também são os que têm menos produção científica a respeito.

A equipe da pesquisa era formada por Lais Fajersztajn, autora principal, com orientação do pesquisador do Laboratório de Poluição Atmosférica Experimental da Faculdade de Medicina da USP, Paulo Saldiva, e com colaboração das pesquisadoras Mariana Veras, da FMUSP, e Ligia Vizeu Barrozo, da Geografia da USP. Tiveram o apoio da FAPESP e do CNPq do Estado de São Paulo.  Eles apresentaram os resultados da pesquisa durante a 28ª Reunião Anual da Federação de Sociedades de Biologia Experimental (Fesbe), que ocorreu em Caxambu (MG) entre os dias 21 e 24 de agosto de 2013.

Para chegar a essa conclusão, a equipe fez uma comparação entre os países do mundo e ilustrou os dados obtidos com gráficos. Eles conseguiram informações sobre densidade populacional e poluição atmosférica por meio do site do Banco Mundial e cruzaram com a base de dados Web of Science. Com isso, descobriram que países considerados “desenvolvidos”, como Estados Unidos, Canadá e grande parte dos europeus, possuíam, por exemplo, índices baixos de poluição, entre 5 mg e 20 mg de material particulado inalável por metro cúbico de ar.

Em contrapartida, os países considerados “em desenvolvimento”, como os da América do Sul, regiões próximas à China e à Índia e localizados no norte da África, apresentaram entre 71 e 142 μg/m3 (microgramas por metro cúbico) de material particulado, o que é considerado um nível alto, tendo em vista que a recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS) é de um valor abaixo de 20 μg/m3.

Para exemplificar melhor, confira o mapa abaixo, baseado em dados do Banco Mundial, sobre a concentração média de material particulado comparado com a densidade populacional de 2009. O mapa faz uma média de cada país como um todo e, segundo a autora, muitos números são desdenhados devido à utilização de regiões muito grandes e díspares.

Gráfico

O levantamento feito com base na Web of Science também comprovou que as pesquisas associadas ao impacto da poluição do ar na saúde estão localizadas na América do Norte, Europa, além de China, Brasil, Austrália e Japão. Sendo que praticamente não existem pesquisadas referentes ao assunto na Índia, África e em alguns países da América do Sul.

A fim de refutar os argumentos que relacionam as condições ruins para a produção de trabalhos científicos de alguns países “em desenvolvimento” aos resultados obtidos, os pesquisadores buscaram pesquisas sobre a malária e a qualidade da água. E o resultado continuou com destaque positivo para Estados Unidos e Canadá, mas os países em desenvolvimento também se destacaram: realizaram 20% das pesquisas de qualidade da água e 70% sobre a malária.

Mesmo assim, a poluição é mais grave, porque, de acordo com os pesquisadores, o número de mortes precoces pela poluição atmosférica tem a tendência de superar as mortes causadas por malária ou por ausência de saneamento básico. Além disso, existe a grave estimativa da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) de que, até 2050, a principal causa de morte prematura será pela exposição aos poluentes.

Por conta disso, a pesquisadora acredita que a ciência deve ser fortalecida nos países que estão se desenvolvendo, para encarar esse grande desafio, que é: reduzir a poluição, “driblando” os interesses econômicos e mudando o comportamento, por meio de restrição para o uso do carro, por exemplo. Para ilustrar melhor, veja o mapa abaixo que mostra a) distribuição de material particulado, b) artigos sobre poluição atmosférica, c) artigos sobre qualidade da água e d) artigos da malária, com dados da Web of Science.

Gráfico

Outro grave problema que envolve a poluição atmosférica é o risco de câncer de pulmão, que se eleva em 50% quando a pessoa é exposta à poluição, segundo pesquisa. E os mapas também mostram que os países com índices ruins de qualidade do ar são os mais povoados. O que se relaciona ao aumento do risco de câncer de pulmão.

O orientador do estudo, Paulo Saldiva, relaciona essas consequências ao fato de a urbanização ter sido distribuída desigualmente pelo mundo, o que ele chama de “racismo ambiental”. Em um vídeo com esse título, Saldiva afirma que a poluição atmosférica deve ser tratada como uma questão de saúde pública. E de acordo com ele, as únicas maneiras de combater esse problema são: políticas públicas para essa área, maior conhecimento sobre os riscos dos poluentes,  maior conscientização e incentivo a pesquisas científicas sobre o assunto.


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